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Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Sexta - 20 de Outubro de 2006 às 05:15
Por: Rose Domingues

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Pelo menos 50% dos medicamentos são utilizados de maneira equivocada no Brasil. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a letra médica (geralmente ilegível) constitui uma importante causa de erros na prescrição, comercialização e consumo de remédios. Apesar da prática ser corriqueira, as consequências podem ser devastadoras e vão de mal-estar, como uma intolerância gástrica, até a morte.

Em Mato Grosso, os Conselhos Regionais de Farmácia (CRF) e Medicina (CRM) não registraram nos últimos anos nenhuma denúncia de erro relacionada exclusivamente à troca de remédios, seja no balcão, pelo farmacêutico, ou no consultório, pelo próprio médico. A maioria dos equívocos são gerados a partir da falta de cuidado ao escrever a receita. Para o diretor clínico do Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM), Arlan Ferreira, o quadro aponta subnotificação, pois erros acontecem com mais frequência do que imaginamos.

"Muito médico sai da academia acostumado com o medicamento genérico, mas quando se depara com uma prática cotidiana repleta de outros tipos de medicamentos acaba cometendo alguns erros sim, até por desconhecimento. Os laboratórios vendem o produto como melhor, menos agressivo, dizem que é a mesma coisa, mas esquecem de mencionar que a dosagem, por exemplo, é outra".

Ferreira afirma que existe preocupação com o tipo de prescrição, a letra das receitas e os prontuários dos estudantes da área, que são orientados também para realizar uma boa entrevista antes de qualquer tomada de decisão. "A pressa acontece, mas jamais justifica um erro, por outro lado, também ocorre de funcionário das farmácias trocarem os produtos mais caros da receita por outros menos eficazes sem o conhecimento do médico, é preciso estar atento a isso também".

Para o vice-presidente do CRF, José Ricardo Arnaut, é muito pouco provável que existam equívocos por parte dos farmacêuticos, que são orientados a checar todas as informações da receita antes de vender o produto. Na rede particular de saúde o procedimento é bastante comum. O farmacêutico liga no consultório e consegue informações através da ficha do paciente, mas no Sistema Único de Saúde (SUS) muitas vezes isso é impossível pela falta de vínculo médico-paciente. "A gente precisa estar atento aos sintomas, conversar com o cliente, até para ter certeza de que não estamos colaborando com um erro". Ele cobra uma postura do CRM para fazer campanhas e alertar a população para cobrar do médico receitas legíveis.

A farmacêutica Daiany Stieven, que atua há 1,5 ano em uma rede de drogarias da Capital, mostra diversas receitas onde é praticamente impossível saber o que estava escrito sem ter conhecimento técnico ou experiência na área. "Outro dia levei meu gato ao veterinário e ele me passou uma receita computadorizada, organizada e explicativa, fiquei com inveja, porque não lido com isso no meu cotidiano, apesar de se tratar da vida de pessoas".

Ela explica que a substituição de remédios muito caros (de laboratórios não patenteados) por genéricos ou éticos (que têm o mesmo controle de qualidade) às vezes acontece, com a autorização do paciente. "Muitas vezes o médico não se preocupa com o fato da pessoa não ter condições de comprar e receita um produto extremamente caro, mas que tem um genérico pela metade do preço".




Fonte: A Gazeta

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