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“Devemos nos tornar a mudança que desejamos ver no mundo”
O que nos move, enquanto mulheres, a ir a luta? A defesa de nossos interesses? Dos nossos filhos? Da família? Do nosso emprego? A defesa de nossa dignidade?
Onde está a “garra de leoa” que tantas vezes colocamos à mostra quando se trata de sermos protagonistas dos destinos de nossas vidas e de nosso país?
Somos numericamente superiores. No entanto, tão insignificantes estatisticamente enquanto candidatas na disputa por uma vaga no Congresso Nacional.
Nessas eleições as mulheres candidatas a cargo eletivo foram menos de 14%, num universo populacional em que representamos mais da metade da população, ou seja, quase três milhões a mais do que os homens, segundo o último censo do IBGE, e 51,5% de eleitores somos nós, mulheres.
Já se vão 75 anos desde que o Presidente Getúlio Vargas criou o novo código eleitoral que permitiu o voto para algumas mulheres, tendo, por pressão das feministas ampliado no ano seguinte o direito a todas as mulheres. A conquista se consolidou na Constituição de 1934.
Somos chefes de família em quase um quinto das casas brasileiras, com deveres plenos e direitos restritos.
Desempenhamos, com toda a garra e determinação que nos é peculiar, a administração de nossas vidas, o dia a dia de nossos filhos, - desde a sua concepção até tornarem-se homens e mulheres que continuarão a existência da espécie e a construção e os avanços de nosso planeta - e de nossa família.
Se possuimos a capacidade de gerenciar com sensibilidade, firmeza, criatividade, persistência e diplomacia tantas complexidades, tantas facetas, temos também, com certeza, para construirmos leis, projetos, programas para o desenvolvimento e o bem estar da população brasileira.
Tudo começa com uma semente. Às vezes nos deparamos com coisas aparentemente insignificantes, pequenas demais para despertar nosso interesse. São sementes que desprezamos porque nossos olhos estão empoeirados com uma vida repleta de dificuldades e responsabilidades que afastam nosso coração e nossa mente daquilo que realmente tem valor.
A sensibilidade para enxergar nas pequenas coisas a potencialidade maior é que faz a diferença na vida. Pequenos gestos como um sorriso, um abraço, um perdão, um olhar carinhoso, podem ser a semente que produzirá muita transformação. Toda semente é potencialmente o começo de uma nova vida.
Hoje, no parlamento brasileiro, somos algumas sementes. Amanhã, nos tornemos um belo e grande jardim. Caminhemos para isso! Lutemos para consolidar e ampliar os espaços que conquistamos. Façamos a diferença! Não é por sermos diferentes que não somos iguais!
Mas, sugiro olharmos pra frente e continuarmos a nossa luta. Não esperemos que nos facilitem ou nos concedam espaço. Espaço se conquista, não se ganha, como tudo nessa vida. Busquemos a “alforria feminina”.
Como já disse, o grande M. Gandhi: “Devemos nos tornar a mudança que desejamos ver no mundo”.
Beatriz Girardi é jornalista, formada na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Atualmente é repórter do jornal Mato Grosso Popular e do jornal Integração Policial.
Contato: bireporter@gmail.com
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/267448/visualizar/
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