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RJ: piloto será indiciado por morte em jato d'água
A Polícia Civil do Rio de Janeiro vai indiciar esta semana o major-bombeiro Vanderlei Carvalho Alonso Júnior, piloto do avião Air Tractor AT-802F, por homicídio culposo e lesão corporal. Ele conduzia a aeronave que sobrevoava público de 40 mil pessoas e despejou jato de cerca de uma tonelada de água, matando uma menina de 9 anos e ferindo outras nove pessoas, na tarde de domingo, na Base Aérea do Campo dos Afonsos, na capital fluminense. Ontem, Ana Gleice de Oliveira, 9 anos, foi enterrada no Cemitério de Irajá.
O delegado Luiz Antônio Ferreira, da 33ª DP (Realengo), já requisitou informações à Defesa Civil Estadual e à Aeronáutica sobre a altitude do avião no momento da tragédia. "Vou aguardar a análise dos dados para saber em que altitude estava a aeronave e já solicitei a autorização de vôo à Aeronáutica. Com essas informações, será possível saber se o piloto estava voando na altura permitida", explicou o policial.
Baixa altitude Segundo o piloto e escritor de livros sobre desastres aéreos Ivan Sant¿Anna, o avião estava a aproximadamente 12 metros do público. "Foi uma manobra totalmente irresponsável. Esse avião foi feito para apagar incêndio, então concentra uma quantidade muito grande d¿água em um espaço muito pequeno. Não foi feito para despejar nas pessoas", contestou ele. "Como a velocidade de cruzeiro é de 216 km/h, o piloto deveria estar a cerca de 150 km/h", estimou.
De acordo com Jorge Botelho, do Sindicato Nacional dos Controladores de Vôo do Rio de Janeiro, a Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA) diz que para sobrevôo em concentração de pessoas, a altura mínima seria mil pés (304,8 metros) acima da maior elevação, num raio de 600 metros. O avião fez rasantes.
Como uma bomba Novos vídeos aos quais a reportagem teve acesso mostram que, na quinta viagem do Air Tractor, a queda da água foi tão violenta como o lançamento de bomba: a carga foi despejada com força e caiu, compacta, na multidão. Outras gravações provam que, nos primeiros rasantes, a água foi liberada aos poucos.
Outra vítima da tragédia, Jaldir Moura Motta, 45, foi ao enterro de Ana Gleice. Ele, que levou sete pontos na pálpebra direita, afirmou que entrará na Justiça quando for estabelecida a responsabilidade pelo acidente. O veterinário Paulo Roberto Ignácio Coral, 58, que teve traumatismo craniano, diz ter sentido a força da tromba d¿água na cabeça. "A água estava sendo jogada em gotículas. Daquela vez, foi quantidade enorme", lembrou.
Internada no Hospital Central da Aeronáutica (HCA), no Rio Comprido, Caroline Couto de Araújo, 7, que sofreu traumatismo craniano, deixou ontem a UTI e foi para o quarto. No HFAG com traumatismos torácico e abdominal, Alberto Barbosa dos Santos, 35, permanece em estado grave, mas estável, no CTI.
Menina sonhava em ser piloto da Aeronáutica A avó de Ana Gleice, Marinete Joventina, 57 anos, conta que a neta insistiu por três dias para ir ao show no Campo dos Afonsos, domingo. "Ela sofreu muito. Tinha pontos em todo o corpo. Ficou desfigurada. Antes não tivesse ido", lamentou.
Quando soube que iria à comemoração da Semana da Asa e do centenário do vôo do 14 Bis, na Base Aérea do Campo dos Afonsos, Ana Gleice, 9 anos, não conseguiu esconder a alegria. A menina sonhava em ser piloto da Aeronáutica e chegou a brigar com a mãe, Rosimeri, que não queria permitir o passeio. Ela acabou indo com Alberto e o primo Wallace Martins, 11, também ferido. A primeira vez que Aninha, como era chamada, viu as acrobacias foi ano passado. A paixão pelos aviões foi à primeira vista.
O corpo da menina foi velado na capela do hospital da Força Aérea do Galeão (HFAG), na Ilha, e as despesas, pagas pelo Ministério da Aeronáutica. Quatro coroas do 3º Comando do Campos dos Afonsos foram colocadas sobre o caixão. No enterro, a mãe da menina se desesperou. "Minha filha, minha filha", gritou Rosimeri. Todos os colegas de Ana, que cursava a 3ª série na Escola Municipal Virgílio Francisco Monteiro, em Fazenda Botafogo, foram ao enterro. Numa oração, seus amiguinhos, um a um, iam deixando flores no caixão.
Cinco desaparecidos Dois dos 154 corpos do vôo 1907 permanecem desaparecidos na mata. Ontem, o delegado da Polícia Federal Renato Sayão recebeu lista dos nomes dos controladores das torres de Manaus, Brasília e São José dos Campos. Os funcionários vão depor nos próximos dias. A Aeronáutica negou que os pilotos do Legacy tenham obtido autorização para manter a altitude em a 37 mil pés.
Em Vitória (ES), mergulhadores retomaram as buscas aos três corpos dos passageiros do bimotor Seneca que caiu sexta-feira. Só um assento foi encontrado. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aguarda o painel de controle, que ainda não foi achado, para apurar o acidente.
O delegado Luiz Antônio Ferreira, da 33ª DP (Realengo), já requisitou informações à Defesa Civil Estadual e à Aeronáutica sobre a altitude do avião no momento da tragédia. "Vou aguardar a análise dos dados para saber em que altitude estava a aeronave e já solicitei a autorização de vôo à Aeronáutica. Com essas informações, será possível saber se o piloto estava voando na altura permitida", explicou o policial.
Baixa altitude Segundo o piloto e escritor de livros sobre desastres aéreos Ivan Sant¿Anna, o avião estava a aproximadamente 12 metros do público. "Foi uma manobra totalmente irresponsável. Esse avião foi feito para apagar incêndio, então concentra uma quantidade muito grande d¿água em um espaço muito pequeno. Não foi feito para despejar nas pessoas", contestou ele. "Como a velocidade de cruzeiro é de 216 km/h, o piloto deveria estar a cerca de 150 km/h", estimou.
De acordo com Jorge Botelho, do Sindicato Nacional dos Controladores de Vôo do Rio de Janeiro, a Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA) diz que para sobrevôo em concentração de pessoas, a altura mínima seria mil pés (304,8 metros) acima da maior elevação, num raio de 600 metros. O avião fez rasantes.
Como uma bomba Novos vídeos aos quais a reportagem teve acesso mostram que, na quinta viagem do Air Tractor, a queda da água foi tão violenta como o lançamento de bomba: a carga foi despejada com força e caiu, compacta, na multidão. Outras gravações provam que, nos primeiros rasantes, a água foi liberada aos poucos.
Outra vítima da tragédia, Jaldir Moura Motta, 45, foi ao enterro de Ana Gleice. Ele, que levou sete pontos na pálpebra direita, afirmou que entrará na Justiça quando for estabelecida a responsabilidade pelo acidente. O veterinário Paulo Roberto Ignácio Coral, 58, que teve traumatismo craniano, diz ter sentido a força da tromba d¿água na cabeça. "A água estava sendo jogada em gotículas. Daquela vez, foi quantidade enorme", lembrou.
Internada no Hospital Central da Aeronáutica (HCA), no Rio Comprido, Caroline Couto de Araújo, 7, que sofreu traumatismo craniano, deixou ontem a UTI e foi para o quarto. No HFAG com traumatismos torácico e abdominal, Alberto Barbosa dos Santos, 35, permanece em estado grave, mas estável, no CTI.
Menina sonhava em ser piloto da Aeronáutica A avó de Ana Gleice, Marinete Joventina, 57 anos, conta que a neta insistiu por três dias para ir ao show no Campo dos Afonsos, domingo. "Ela sofreu muito. Tinha pontos em todo o corpo. Ficou desfigurada. Antes não tivesse ido", lamentou.
Quando soube que iria à comemoração da Semana da Asa e do centenário do vôo do 14 Bis, na Base Aérea do Campo dos Afonsos, Ana Gleice, 9 anos, não conseguiu esconder a alegria. A menina sonhava em ser piloto da Aeronáutica e chegou a brigar com a mãe, Rosimeri, que não queria permitir o passeio. Ela acabou indo com Alberto e o primo Wallace Martins, 11, também ferido. A primeira vez que Aninha, como era chamada, viu as acrobacias foi ano passado. A paixão pelos aviões foi à primeira vista.
O corpo da menina foi velado na capela do hospital da Força Aérea do Galeão (HFAG), na Ilha, e as despesas, pagas pelo Ministério da Aeronáutica. Quatro coroas do 3º Comando do Campos dos Afonsos foram colocadas sobre o caixão. No enterro, a mãe da menina se desesperou. "Minha filha, minha filha", gritou Rosimeri. Todos os colegas de Ana, que cursava a 3ª série na Escola Municipal Virgílio Francisco Monteiro, em Fazenda Botafogo, foram ao enterro. Numa oração, seus amiguinhos, um a um, iam deixando flores no caixão.
Cinco desaparecidos Dois dos 154 corpos do vôo 1907 permanecem desaparecidos na mata. Ontem, o delegado da Polícia Federal Renato Sayão recebeu lista dos nomes dos controladores das torres de Manaus, Brasília e São José dos Campos. Os funcionários vão depor nos próximos dias. A Aeronáutica negou que os pilotos do Legacy tenham obtido autorização para manter a altitude em a 37 mil pés.
Em Vitória (ES), mergulhadores retomaram as buscas aos três corpos dos passageiros do bimotor Seneca que caiu sexta-feira. Só um assento foi encontrado. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aguarda o painel de controle, que ainda não foi achado, para apurar o acidente.
Fonte:
O Dia
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/267796/visualizar/
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