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Nacional
Terça - 17 de Outubro de 2006 às 08:04

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Ao contrário do que afirmaram em depoimentos, os pilotos do Legacy que colidiu com o Boeing da Gol, no dia 29, conseguiram se comunicar com os controladores de vôo do Cindacta-1 (Brasília) quatro minutos antes de terem de mudar de altitude. No diálogo, o comandante, Joseph Lepore, faz a seguinte pergunta à torre, em inglês:

- Confirme se posso descer ou se mantenho a altitude.

Como restavam 30 milhas (55 quilômetros) até o ponto em que o Legacy deveria, obrigatoriamente, baixar de 37 mil para 36 mil pés, a ordem do controlador de vôo foi:

- Ok. Mantenha.

Embora não considere esse um fator crucial para explicar as causas da colisão que matou 154 pessoas, a Aeronáutica não descarta a hipótese de um mal-entendido na comunicação entre o Cindacta e o americano. “Ele (Lepore) pode até ter entendido isso como uma autorização para voar a 37 mil pés durante todo o trajeto, mas não é o que constava em seu plano de vôo. A mudança de altitude deveria ocorrer apenas sobre Brasília”, disse um oficial da Força Aérea Brasileira (FAB). “Podemos dizer que 98% do porcentual de culpa é do jato e 2% do controle de tráfego aéreo”.

Uma cópia da fita com esse diálogo foi entregue pela Aeronáutica ao delegado Renato Sayão, da Polícia Federal, encarregado do inquérito que investiga o acidente. Os oito controladores que trabalhavam no dia do acidente foram intimados a prestar depoimento. Entre eles, quatro tiveram participação direta na condução do jato - inclusive o controlador que manteve o diálogo com os pilotos e o supervisor da equipe.

A investigação da PF constatou que os pilotos do Legacy não fizeram o briefing antes da decolagem, em São José dos Campos. Fontes da Aeronáutica explicam que, embora não seja obrigatório, o procedimento orienta o piloto sobre sua rota e o informa a respeito das condições meteorológicas.

Se tivessem feito o briefing, Lepore e o co-piloto do jato, Jan Paul Paladino, saberiam que, em Brasília, teriam de descer para 36 mil pés. “Se tivessem essa convicção, eles teriam condições de discordar do controlador”, observou o presidente da Associação dos Controladores de Vôo do Rio, Jorge Botelho - para o qual houve erro das duas partes: pilotos e controladores deveriam ter sido mais explícitos na comunicação.

Em Mato Grosso, militares continuam em busca dos últimos dois corpos desaparecidos. Hoje, o Instituto Médico-Legal do Distrito Federal identificou mais 3 vítimas, elevando o total para 152.





Fonte: G1

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