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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Terça - 17 de Outubro de 2006 às 02:24

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SÃO PAULO - O presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reafirmou nesta segunda-feira durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, que não sabia nada sobre o escândalo da compra do dossiê contra os tucanos nem sobre a existência do mensalão, esquema de compra de votos de parlamentares.

Sobre a tentativa de compra do dossiê Vedoin por petistas, Lula condenou a prática e afirmou que, "se dependesse dele, não teriam feito e, se fizeram, deveriam ter falado." Logo depois da descoberta do escândalo, Lula chamou Ricardo Berzoini, então presidente nacional do PT, para dar explicações: "Quero saber quem fez essa burrice, essa sandice inominável. Ele respondeu que não sabia. Logo em seguida, afastei Berzoini da coordenação da campanha", declarou.

Lula reafirmou a versão de que nada sabia. "Ficaram falando: presidente sabia, presidente sabia. Não tenho como saber tudo." E se defendeu dizendo que, assim que soube, tomou atitudes como afastar as pessoas envolvidas. "Não é o governo que prende. O governo toma atitude no que é pertinente", afirmou. "Queria saber quem é o arquiteto disso", questionou.

Ele também afirmou não saber a origem do dinheiro que seria usado na ´negociação´ e disse ainda que "se as pessoas envolvidas tivessem assumido publicamente quem deu dinheiro, quem foi o responsável, seria mais tranqüilo. Do ponto de vista político, quem fez a sandice deveria ter assumido. Não assumiu? A PF (Polícia Federal) vai investigar a fundo. A ordem para é que não deixem pedra sobre pedra", assegurou.

Envolvimento de Ministros Sobre o suposto envolvimento de ministros do governo, o presidente afirmou que formar a equipe é "como escalar uma seleção". Segundo ele, a escolha se dá a partir das qualidades que as pessoas tinham mostrado até então. "Na medida em que a opinião pública julgou que José Dirceu e Antonio Palocci não podiam mais ficar nos cargos, eles foram afastados", disse.

Afirmou ainda que as investigações continuam e que o papel do presidente é garantir que o Ministério Público e a Polícia Federal tenham liberdade total para desempenharem bem suas funções.

Sobre o mensalão, Lula também negou saber de algo. "Em nenhuma reunião da qual participei se falou em pagar deputados. Essas são sandices que acontecem na política e tem que acabar"

Estilo ´Mike Tyson´ Ao comentar o debate da TV Bandeirantes, Lula disse que estranhou o comportamento de seu adversário, Alckmin. "No programa, ele estava ensandecido. Confesso que fiquei chateado. Ele não passou nenhuma mensagem, apenas agressões. Preferia que o debate tivesse ficado no nível programático" e completou: "Talvez, tenha sido orientado para aquilo, estranhei o comportamento", afirmou.

Perguntado porque o PT está ausente da campanha e o foco se concentra na figura do presidente, Lula desconversou e disse que ele aparece mais porque seu governo deu certo e para um eventual segundo mandato, prometeu crescimento econômico, aumento do nível de renda e melhoria na educação.

Gastos públicos Ao dizer que não cortaria gastos, Lula usou a lógica doméstica de que ele não é daquelas pessoas que, quando precisa de dinheiro, vende a geladeira, em uma crítica também à privatização. "Quando precisava, trabalhava mais".

Segundo Lula, não há gastos públicos a serem cortados. Lula disse que vai garantir o crescimento econômico reduzindo os juros no próximo governo, mas não cortando gastos. Para ele, cortar gastos quer dizer cortar salário e política social e isso não vou fazer. A palavra de ordem do para o próximo mandato é crescimento econômico e distribuição de renda.

Segundo Lula, não tem de onde tirar. Só se tirar da previdência ou da folha de pagamento, duas coisas que ele não vai fazer. Ainda segundo Lula não há de onde cortar, "duvido que haja margem de manobra para cortar. Isso é asfixiar o País. Nós que aumentamos o superávit graças ao aumento da arrecadação com aumento da carga tributária.

O presidente disse ainda que é preciso haver um pacto no País. "Não tem mágica não tem milagre, precisamos fazer a economia crescer e diminuir a taxa de juros. Fazer parcerias público e privado, além de atrair capital estrangeiro e nacional para crescimento.

Lula defendeu a reforma da previdência e citou um projeto que foi encaminhado para votação no Congresso. O projeto tenta diminuir o número de trabalhadores na informalidade para, assim, aumentar o volume de contribuições. "Queremos que o vendedor de cachorro-quente possa regularizar sua situação, com contribuição menor. O Congresso poderia votar", cobrou.

Sobre privatizações Sobre as acusações que sua campanha vem fazendo ao dizer que o PSDB privatiza, o presidente defendeu sua posição. "Não falamos mais do que a imprensa já falou sobre o governo de FHC (ex-presidente Fernando Henrique Cardoso). Não estamos inventando estamos insinuando. A prática do PSDB não tem sido essa", afirmou.

Lula não se disse contrário à privatização, apenas contra privatizar o que considera setores estratégicos para a economia nacional. Segundo ele, há exemplos de sucesso. "A privatização das teles proporcionaram acesso ao telefone e, além disso, o Estado tem menos condições de investir hoje do que tinha antes."

Para o presidente, algumas coisas funcionaram no processo de privatização, como as telecomunicações, mas o sistema ferroviário não deu certo. "Agora temos investimento, o Estado em parceria com a iniciativa privada."

Empresa do filho Pela primeira vez, o candidato falou em público sobre a questão do envolvimento da empresa do seu filho, Fábio Luiz Lula da Silva, com o Grupo Telemar.

Segundo Lula, ninguém está acima da lei e todo mundo tem de ser investigado quando surgem denúncias. A questão foi muito investigada e não se chegou a nenhuma conclusão de que houve alguma irregularidade no investimento que a Telemar fez na empresa.

Lula disse que tem como princípio não atacar os familiares de adversários, mas que, se outros fazem isso contra ele, como já fizeram, aí é uma opção dos outros.

Ele lembrou o caso da filha Lurian na eleição de 1989, levantado pelo então candidato Fernando Collor de Melo. Lula disse que quando ficou sabendo que o site de campanha do PT estava fazendo alusões à mulher e à filha do adversário, Gerando Alckmin, mandou retirar as acusações imediatamente.

Reforma política Sobre a reforma política, Lula afirmou ser favorável a financiamento público de campanha, fidelidade partidária e discussão sobre mandatos. "Quero chamar todos os partidos políticos e, se possível, entrarmos em um acordo para termos uma reforma política no País, também sou simpático ao voto distrital misto".

A forma como o orçamento é elaborado também foi criticada por Lula. Ele defende mecanismos que inibem práticas como a da máfia das ambulâncias, que envolveu parlamentares e emendas do orçamento. "É mais honesto valorizar as emendas individuais." Porque já se sabe o que tem para ser liberado e em nome de quem.

Também, segundo ele, precisamos mudar a lei de licitações. "Abre-se a licitação, a empresa que não levou, entra com processo e embarga a obra. Você anuncia no lugar que terá a obra, mas não sai do lugar, fica um ano e meio parada. Precisamos mudar essa estrutura, tornando-a mais transparente, mais ágil."

Hipótese Na última pergunta do programa, sobre a hipótese de não ser reeleito, Lula afirmou que voltaria para São Bernardo do Campo, "a 600 metros do sindicato que me criou na política."

Para terminar, Lula disse ainda que a elite fica nervosa (com a possibilidade de seu segundo mandato) e não gosta de alternância no poder. "Estou tranqüilo. Acho que cumpri com minha função e posso fazer mais, agora sei o caminho das pedras. Faz tempo que um governo não chega ao final do mandato com a aceitação que tenho. O povo não vê a manchete no jornal, vê o resultado no bolso. Está comendo mais e vivendo melhor", finalizou.




Fonte: Agência Estado

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