O governo japonês questionou nesta sexta-feira (1º) as conclusões de um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o aumento dos riscos de câncer perto da usina nuclear de Fukushima, que sofreu um acidente provocado por um tsunami em 2011.
"Estes cálculos foram baseados na hipótese de que as pessoas continuaram vivendo nesta região e se alimentando de comida proibida. Mas não é o caso", explicou à AFP um funcionário do ministério do Meio Ambiente.
Segundo o relatório, o primeiro da OMS após a catástrofe nuclear de 2011, em um raio de 20 km ao redor da usina, o risco de câncer de tireoide entre as mulheres e as crianças aumentou a 1,25%, acima do índice comum, de 0,75%.
Em 1986, depois do acidente de Chernobyl, na Ucrânia, foi detectado um aumento considerável do número de casos de câncer de tireoide entre as crianças.
"A primeira preocupação identificada neste relatório envolve os riscos específicos de câncer vinculados à região e a fatores demográficos", explicou María Neira, diretora da OMS para a Saúde e o Meio Ambiente.
"Uma análise dos dados, baseada na idade, no sexo e na proximidade em relação à central mostra um risco maior para aqueles que estavam nas zonas mais contaminadas. Fora destas zonas, incluindo a cidade de Fukushima, não se espera nenhum aumento de risco de câncer", afirmou Neira.
O funcionário do ministério do Meio Ambiente ressaltou, no entanto, que os especialistas estão "divididos sobre a forma de calcular o impacto de uma exposição no longo prazo a fracas doses radioativas".
"É errado acreditar que os moradores [próximos à usina] vão desenvolver câncer nestas proporções", acrescentou.
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