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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Segunda - 16 de Outubro de 2006 às 21:26

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Pelo menos 50 pessoas morreram num novo dia violento no Iraque, estando entre as vítimas o irmão do promotor do caso do ex-presidente iraquiano Saddam Hussein, assassinado nesta segunda-feira perto de Bagdá, anunciou um funcionário do governo. Também foram encontrados no país os corpos de 67 vítimas na capital, muitos deles apresentando sinais de tortura.

Imad Al Farun, irmão de Munqith Al Farun, promotor-geral encarregado do caso de genocídio de Anfal, foi morto por homens armados quando voltava para casa em Jamaa, a oeste da capital.

Nesta noite de segunda-feira, depois da interrupção do jejum do mês de Ramadã, dois carro-bomba explodiram no bairro de maioria xiita Ur, em Bagdá, deixando 20 mortos.

Horas antes, em Sauira, a 60 km a sudeste da capital, um carro-bomba estacionado em frente a um estabelecimento bancário matou 15 pessoas e feriu 35.

Sauira é uma região agrícola habitada por sunitas e xiitas, cenário de confrontos freqüentes.

Outras 15 pessoas perderam a vida em vários ataques ao norte de Bagdá.

Por sua vez, o exército americano informou hoje sobre a morte, na véspera, de sete de seus soldados em combate, o que eleva a 57 o número de vítimas em suas fileiras desde o começo de outubro.

Enquanto isto, o primeiro-ministro Nuri al-Maliki afirmou que o desarmamento das milícias consideradas responsáveis pela violência no Iraque só terá início dentro de vários meses, apesar da impaciência dos Estados Unidos a respeito.

Nesse contexto, o Exército Islâmico do Iraque, um dos principais grupos da guerrilha sunita, anunciou estar disposto a negociar com os americanos, excluindo as autoridades iraquianas.

Já o Alto Tribunal Penal iraquiano anunciou que o veredicto do julgamento de Saddam Hussein pela morte de 148 xiitas nos anos 80 só será conhecido depois de 5 de novembro. O ex-chefe de Estado pode ser condenado à morte.

Nesta segunda-feira 28 pessoas foram mortas, 15 delas na explosão de um carro-bomba diante de um banco de Sauira, sudeste de Bagdá, depois de um fim de semana violento em que seqüestros de xiitas e represálias contra sunitas deixaram 80 mortos e desaparecidos.

Há várias semanas o chefe do governo iraquiano está sob pressão de militares e políticos americanos para empreender o desarmamento das milícias. Na entrevista publicada nesta segunda pelo jornal USA Today, Maliki anunciou que o desmantelamento começará no final do ano ou no começo de 2007, pois é algo que "leva tempo".

A posição do chefe de Estado é incômoda porque os funcionários americanos suspeitam de que certas milícias xiitas têm laços com alguns líderes governamentais.

Frente a esta situação, um dos principais grupos da rebelião sunita disse estar disposto a negociar apenas com os americanos, segundo palavras de um iraquiano que se apresentou à imprensa, em Kirkuk (norte), como Abdel Rahaman Abu Jula, o dirigente desse grupo armado.

Uma semana depois da adoção de uma lei no parlamento convertendo o Iraque num Estado federal, tribos sunitas do norte expressaram sua oposição à decisão, reafirmando sua fidelidade a Saddam Hussein e também pedindo à rebelião antiamericana que una suas forças.

Já o ex-presidente iraquiano Saddam Hussein pediu nesta segunda-feira a continuação da "resistência iraquiana" e justiça "na Jihad" (guerra santa) contra o ocupante", numa carta aberta aos iraquianos escrita na prisão e que teve uma cópia entregue à AFP.

Nesta carta escrita por ocasião do Ramadã, transmitida por seu advogado Jalil Dulaimi, Saddam diz que "a vitória contra o ocupante é segura" e que o Iraque "voltará a ser unido e indivisível".

"Nosso povo passa por momentos difíceis com a ocupação, as matanças, as destruições e o saque de tudo o que tem valor, com exceção no que diz respeito à fé (dos iraquianos), suas convicções, sua moral e seu orgulho", diz Saddam.

"A resistência contra o ocupante é um direito e um dever", acrescenta Saddam, que pede à resistência "ser justa e eqüitativa em sua Jihad".

"Peço que sejam magnânimos", diz.

Também pede ao povo iraquiano "que perdoem os responsáveis da morte de seus filhos e irmãos", referindo-se a Uday e Qusay, mortos em Mossul em 2003 pelo exército americano ajudado por informantes.

Para Saddam, a "vitória contra o ocupante maléfico e seus lacaios" não está em dúvida.





Fonte: AFP

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