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Cidades/Geral
Segunda - 16 de Outubro de 2006 às 05:34

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Morte, tiro, agressão física e moral, ameaça. Muitas pessoas ainda não têm conhecimento de que os diversos tipos de violência, se vinda de um policial, podem resultar em indenização para a vítima ou seu familiar.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Mato Grosso, Betsey Miranda afirma que o melhor jeito de melhorar uma situação é denunciando os maus exemplos, os erros, e destaca que "o silêncio é conivente com a situação", acredita.

"Só existe um meio de se corrigir os problemas, que é pela parte financeira", destaca a advogada, afirmando que quando o lado financeiro é atingido, providências são tomadas.

Betsey também destaca que muitas pessoas não conhecem seus direitos, o que faz com que muitas agressões não acabem em ações de indenização.

Não foi o que aconteceu com a família do cadete Sérgio Kobayashi, 26 anos. O cadete morreu afogado no dia 5 de abril de 1998, no Córrego Padre Inácio, na zona rural de Cáceres, quando participava de um treinamento da Academia da PM.

O pai de Sérgio, Yoshimi Kobayashi, entrou na Justiça pedindo indenização. Ele tem para receber do Estado R$ 300 mil (valor de 2003, não corrigido). Neste caso, o processo foi rápido, mas o próprio Yoshimi destaca que isso aconteceu porque ele possui esclarecimento e nem sequer precisou de advogado para passar por todas as etapas judiciais.

"Como sou idoso, no trâmite a gente tem preferência. Então, fui a todas as instâncias e pedi a preferência", conta.

Com 68 anos, no entanto, Yoshimi Kobayashi afirma que não sabe se vai "viver para receber" a indenização. Ele diz que não concorda com o pagamento por precatório, que demora anos, e lamenta não haver recursos nesta etapa.

"Muitos desistem, mas a gente é descendente de uma raça paciente e vai insistindo até morrer. Sou bem teimosinho", acrescenta.

A insistência é, por sinal, a característica de muitas famílias que entram nesta batalha. Odilza Sampaio, presidente da Associação dos Familiares Vítimas de Violência, também luta na Justiça por indenização e afirma que se ganhar o dinheiro irá utilizá-lo para contratar um investigador para aprofundar no sumiço de seus dois filhos, o conhecido "Caso Tijucal", há 10 anos.

"É trabalho do Estado fazer isso (investigar) e ele não faz. Então, eu luto para o Estado me pagar para eu poder fazer".

O ex-policial militar João da Silva Mendes, o "Mestre Caravelas", foi condenado pelo sequestro dos garotos a 19 anos e hoje está em liberdade condicional. Como os corpos não foram encontrados, ele não foi julgado por homicídio.

A falta de materialidade do crime é, por sinal, o que impede que as três mães que perderam seus filhos no Caso Tijucal não consigam a indenização. (AF)




Fonte: A Gazeta

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