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Nacional
Segunda - 16 de Outubro de 2006 às 02:19

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Estirado no sofá do pequeno apartamento no Ibirapuera, em São Paulo, após conceder 11 entrevistas, Clodovil respira fundo para cumprir o destino. Afinal, diz que foi um chamado do "além" que o levou a se candidatar para receber, na terra, exatos 493.951 votos. Em 2007, o estilista e deputado federal eleito vai estrear no Congresso e retornar à TV, em programa em que pretende falar de Brasília.

No bate-papo com O Dia, Clodovil provoca o presidente de seu partido (PTC) e deixa portas abertas para o PFL de Cesar Maia, que já o procurou. Ele não revela em quem vai votar, mas guarda para Lula definições como "operário mutilado". Em discurso humilde, o estilista diz que vai ao plenário como "aluno" e conta que há deputados fazendo piadas a seu respeito. "O povo me agraciou com meio milhão de votos e é para ele que vou legislar", afirma.

O estilista afirmou ainda não ter projetos definidos e se declarou contrário à união civil entre homossexuais. "O casamento é instituição falida até no certo, ainda mais no torto", disse.

Quais são suas impressões da política brasileira? Políticos pensam que legislar é se dar bem. Você pode esperar tudo de qualquer pessoa. E virou coisa de marqueteiro. O Duda Mendonça, por exemplo. Como pode ser querido um homem que mata galos daquela maneira? Gosta de sangue.

Há resistências à sua presença no Congresso? É claro. Eu adoro rir, mas eles me fazem ficar triste. Ouvi dizer que deputados falam que não vão usar o mesmo toalete que o Clodovil. Mas, com 49 anos de trabalho, o povo sabe como sou. E não estou a fim de me atritar. Porque, se você desdenhar a proposta de um companheiro, depois terá a sua desdenhada. Não quero brigas com os alunos e os professores da nova escola.

Ao ser eleito, o senhor disse que não tem projetos. Já sabe o que fará durante o mandato? Quando você promete, fazem tudo para não cumprir. Não vou sair fazendo emendas porque não sei. Mas vou estudar. Enquanto isso, faço benemerências, como as Casas Clô, para meninas desamparadas. E meus desenhos de frutas e flores, que vou leiloar para o projeto.

O senhor diz que o voto é secreto, mas o que acha de Lula e Alckmin? Alckmin é um chuchuzinho temperado, mas tem medo de algumas coisas. A Lula falta tudo. Como um operário mutilado pretende um cargo hierárquico tão importante? É uma desgraça.

Como recebeu o convite do prefeito Cesar Maia para ingressar no PFL? Ele apenas me telefonou e falou: "Você deveria estar conosco". Adoro ele e não tenho nada contra seu partido. No meu, há gente incorreta.

Quem? O presidente Ciro (Tiziani Moura) nunca fez nada por mim e quer me tirar, mas agora vai ser difícil.

O que acha da aliança Alckmin-Garotinho, no Rio? Não combinam em nada. Eles se metem o pau e depois se agregam, é uma coisa que não entendo.

O senhor conhece o deputado Geraldo Pudim, eleito pelo Garotinho? Um dos pratos que melhor faço é o pudim de queijo. Mas é muito calórico, a receita usa 19 gemas.

E o que acha de Denise Frossard e Sérgio Cabral? Gosto muito da Denise por sua profissão, e esse menino é filho do Sérgio Cabral, que é uma pessoa deliciosa.

O senhor pretende conversar com Paulo Maluf? Não tenho nada a dizer a ele, mas ouvi piada maravilhosa: sabe o que dá o cruzamento de Maluf e Clodovil? Uma raposa chiquérrima.

E quanto ao ex-presidente Fernando Collor? Esse vou cumprimentar porque gosto. Ele é tão falastrão quanto eu, só que mais desavisado. Ouviu pessoas sem experiência e rodou.

O senhor aceitaria receber o "mensalão"? Deturparam o que eu disse. Só falei que cada um de nós tem um preço. Se recebesse propina, certamente denunciaria.

O senhor considera algum político bonito? O Ciro Gomes foi bonito no começo da carreira, mas envelheceu e perdeu beleza.

O senhor é a favor da união estável entre homossexuais? O casamento é instituição falida até no certo, ainda mais no torto. Não tem lógica um homem casar com outro, não há perpetuação. Sou a favor de mãe, de família. E tenho conhecimento. Meu pai era gay e a primeira pessoa que me seviciou foi o diretor do colégio, um padre. Ninguém tem nada para me ensinar de moral.

O que acha dos serviços prestados em Brasília pela agenciadora de modelos Jeanny Mary Corner? Não posso julgar, mas a mulher ficou louca no mundo inteiro. Procurando a liberdade, perdeu o freio. Eu falo porque gosto muito de mulher. Embora tenha outras preferências sexuais, tenho profundo respeito pela vagina, um órgão sagrado.

Como será seu programa de TV na CNT? Se chamará Por Excelência, aos domingos e ao vivo. Inspirado no Juruna, tive a idéia de vários índios bichas, de cor-de-rosa e com microfones para investigar os casos da semana e o que acontece no Congresso. Não posso viver apenas do salário de deputado, meu padrão de vida é caro. Mas não me corrompo e não me vendo.




Fonte: O Dia

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