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Internacional
Sábado - 14 de Outubro de 2006 às 19:41

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A popstar Madonna deixou o Malauí nesta sexta-feira, 13, sem o menino de um ano que pretende adotar, mas com a promessa feita pelo país pobre do sul da África de tentar fazer com que eles possam viver juntos enquanto o processo de adoção percorre os trâmites previstos.

A cantora partiu após uma polêmica visita humanitária de nove dias ao Malauí, durante a qual seus assessores desmentiram relatos de autoridades governamentais de que ela decidira adotar um menino.

A criança, identificada como David Banda, não estava com Madonna quando o carro da cantora chegou ao aeroporto internacional de Lilongue, a capital do Malauí, onde um jato particular a aguardava.

"O bebê ainda não foi porque a imigração ainda está tentando processar o passaporte dele", disse à Reuters na sexta-feira um funcionário da imigração, horas depois de o avião da popstar deixar o país.

Autoridades do Malauí disseram que foi concedida a Madonna uma autorização interina para adotar Banda e que ela pode receber um documento de isenção que lhe permita passar ao largo de uma lei que proíbe a adoção de crianças malauianas por pessoas não residentes no país.

Mas o principal grupo de defesa dos direitos das crianças do Malauí, Eye of the Child (Olho da Criança), disse que, se o governo não suspender a autorização interina, vai buscar uma ordem judicial para impedir Madonna de adotar o menino.

"Não é como vender um bem", disse a organização em comunicado. "Trata-se de salvaguardar o futuro de um ser humano que, em função de sua idade, não pode expressar uma opinião."

Num indicativo de que o governo e os tribunais podem sofrer pressões intensas, outro grupo de defesa dos direitos, o Comitê de Liberdades Civis, disse que vai apoiar o Olho da Criança em seu esforço para frear o plano de adoção interina.

Autoridades do Malauí disseram prever que David Banda visite Madonna e passe tempo com a cantora, que tem residências nos EUA e na Grã-Bretanha, enquanto ela aguarda a audiência do pedido de adoção, que pode demorar até dois anos.

Funcionários da embaixada do Malauí vão monitorar a adaptação da criança a seu novo ambiente durante esse período e redigir relatórios sobre os quais a corte do Malauí vai se basear para decidir sobre a adoção, disse um alto funcionário do governo.

A notícia de que David Banda, que passou a maior parte de sua vida no decrépito Centro para Órfãos Lar da Esperança, perto da fronteira com a Zâmbia, pode começar a ter uma nova vida no exterior foi vista como uma bênção no orfanato e nos povoados vizinhos.

Desde que sua mãe morreu e seu pai não tinha condições de sustentá-lo, o menino enfrentava um futuro sombrio no pequeno povoado de Lipunga, onde nasceu.

"Se não tivéssemos mandado Davie para o orfanato, nós o teríamos enterrado", disse Henderson Geza Dyedyereke, chefe da aldeia de Lipunga, depois de confirmar esta semana que o menino será adotado por Madonna, que já tem um filho e uma filha.

Enquanto o pai do menino concordou com a adoção, outros têm uma visão menos otimista sobre o assunto.

O tio de David, Pofera Banda, disse querer saber como sua família vai se beneficiar da adoção antes de ela ser aprovada.

"Vimos outros pais que tiveram seus filhos adotados ainda vivendo na miséria. Eles não viram seus filhos de novo -- tudo o que vêem são fotos que lhes são enviadas. Não queremos que isso aconteça nesta família", disse ele.

A visita de Madonna ao Malauí suscitou novas críticas de setores que acusam celebridades ocidentais de usar a África e outras partes do mundo em desenvolvimento como plataforma para seu altruísmo equivocado, movido pela busca de publicidade.

A cantora de 48 anos passou a maior parte do tempo em que esteve no Malauí visitando orfanatos e organizações beneficentes, como parte de uma campanha para chamar a atenção para a situação de 900 mil órfãos num país de 13 milhões de habitantes onde a Aids destruiu muitas famílias.

Ela se comprometeu a doar 3 milhões de dólares para ajudar essas crianças, muitas das quais estão contaminadas com o HIV. O esforço está sendo liderado por sua organização beneficente Raising Malawi.





Fonte: Globo.com

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