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Saúde
Sexta - 13 de Outubro de 2006 às 00:40

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A mortalidade infantil pode ser reduzida drasticamente se os programas de saúde pública incluírem a vacinação contra infecções respiratórias agudas, disse hoje em São Paulo Ciro de Quadros, especialista do Instituto de Vacinas Albert Sabin.

As infecções respiratórias agudas, muitas delas causadas pela bactéria "Streptococcus pneumoniae", que produz doenças como pneumonia, meningite, infecção do ouvido médio e bacteriemia, são as principais causas de morte entre as crianças com menos de cinco anos no mundo.

Essas doenças, responsáveis pela morte de cerca de 2,7 milhões de crianças com menos de cinco anos por ano, podem ser evitadas com a vacina contra o pneumococo, desenvolvida no final dos anos 90 pelo laboratório Wyeth, mas que devido a seu alto custo, de US$ 50, não está ao alcance da população da maioria dos países.

A "Streptococcus pneumoniae" também causa aproximadamente 140 milhões de casos de otite média por ano, segundo Quadros, que participou esta semana do 23º Congresso Brasileiro de Pediatria em Recife e visitou São Paulo, que em dezembro receberá um simpósio internacional sobre a pneumonia causada por essa bactéria.

"Se a vacina contra a ''Streptococcus pneumoniae'' for implementada nos sistemas de saúde pública, o número de mortes infantis cairá drasticamente", disse à Efe Quadros, diretor de Programas Internacionais do Instituto de Vacinas Sabin, com sede em Washington.

Segundo Quadros, na América Latina as infecções respiratórias agudas causam anualmente a morte de entre 75 mil e 80 mil crianças com menos de cinco anos, taxa de mortalidade igual à que se registrava nos Estados Unidos trinta anos atrás.

Quadros, que durante seis anos foi conselheiro de imunizações da Organização Pan-americana da Saúde (OPS), disse que os programas nacionais de vacinação na América Latina oferecem basicamente vacinas contra seis doenças: difteria, tétano, poliomielite, coqueluche, sarampo e tuberculose, mas não incluem as infecções respiratórias agudas.

O especialista acrescentou que a deficiência na imunização tem motivos econômicos, pois as seis vacinas custam US$ 1 por criança, enquanto uma só vacina contra o pneumococo custa cinqüenta vezes mais.

Mais de 350 especialistas se reunirão em São Paulo nos dias 13 e 14 de dezembro de 2006 para discutir fórmulas que facilitem a introdução da vacina contra o pneumococo nos países em desenvolvimento, em um simpósio organizado pelo Instituto Sabin, a OPS e o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos.

No simpósio serão discutidos também os benefícios econômicos da vacina contra o pneumococo, pois apesar de alto custo - US$ 50 a dose - seria mais prático para os sistemas de saúde pública imunizar contra a "Streptococcus pneumoniae" do que combatê-la, já que a bactéria ficou, além disso, mais resistente aos antibióticos comuns.

"É fundamental que os Governos tenham informação sobre os custos que o tratamento das infecções respiratórias agudas representa para cada país e o quanto custa a vacina", acrescentou Quadros.

A vacina imuniza contra sete dos treze tipos de infecção mais comuns causados pela "Streptococcus pneumoniae" e está incluída nos programas de vacinação dos Estados Unidos, Canadá e vários países europeus, que em média protegem os menores contra 15 ou 16 doenças, duas vezes mais que as nações em desenvolvimento.

"Com a chegada de novas vacinas ocorre uma enorme desigualdade entre países ricos e pobres. Temos que ser rápidos para que os países em desenvolvimento também recebam esses benefícios da ciência e tecnologia", acrescentou Quadros.




Fonte: Agência EFE

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