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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Sexta - 13 de Outubro de 2006 às 00:36
Por: Marcia Carmo

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Após dois dias de reuniões em Buenos Aires, representantes brasileiros não conseguiram convencer autoridades argentinas a desistir de impor cotas nas exportações de calçados, fogões, geladeiras e máquinas de lavar roupas do Brasil para o mercado argentino.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, disse que o Brasil está preocupado em acabar perdendo espaço, na Argentina, para os produtos similares fabricados na China.

“Claro, é a China que leva o Brasil a ter resistência a estes acordos (de cotas)”, admitiu. “A China e outros países que podem provocar desvio do nosso comércio bilateral.”

De acordo com o secretário, o Brasil deu um prazo de dois anos, encerrado em junho, para que esses setores da indústria argentina se recuperassem da crise econômica na Argentina em 2001. Neste período, a economia do país cresceu cerca de 8% por ano e, segundo ele, tanto a indústria de calçados quanto a chamada “linha branca” – fogões, geladeiras e lava-roupas – retomaram sua capacidade de produção.

Cotas

Até junho, estava em vigor uma limitação de exportações de treze milhões de pares de calçados brasileiros para o país vizinho e também cotas de exportação de fogões, geladeiras e máquinas de lavar roupa fabricados no Brasil para a Argentina.

No momento, esta regulação está suspensa até que as autoridades dos dois países, a pedido dos empresários do Brasil e da Argentina, cheguem a novo entendimento.

Ramalho contou que, para tentar destravar o impasse foi marcada, nova reunião para o dia 15 de novembro no Brasil.

Na terça-feira, após um encontro liderado pelos ministros da Economia da Argentina, Felisa Miceli, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, a ministra disse à imprensa argentina que “não haverá modificações (nas regras atuais de cotas)”.

Furlan teria discutido as quotas em visita à Argentina nesta semana

O presidente da Federação que reúne as indústrias de eletrodomésticos, Hugo Ganim, negou ao jornal El Cronista que a Argentina esteja impedindo a entrada de maior quantidade de produtos brasileiros e deixando espaço para similares chineses.

“Isso é mentira. E eles (empresários brasileiros) também têm problemas com a importaçao de produtos da China”.

Numa entrevista a jornalistas dos dois países na Embaixada do Brasil, na segunda-feira, Furlan já tinha destacado que governo e empresários brasileiros nao viam mais razão para que as cotas de exportações brasileiras fossem mantidas.

Ele liderou uma comitiva de mais de dez pessoas, entre assessores e empresários brasileiros de diferentes setores, e justificou: “A gente tem que vir aqui antes que outros venham”.

Balança comercial

Nesta quarta-feira, o secretário Ivan Ramalho entregou ao colega argentino da pasta da Indústria, Miguel Peirano, e aos representantes dos empresários argentinos um estudo do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento de Comércio Exterior do Ministério brasileiro, mostrando que o comércio bilateral continua em alta e pode bater recorde no fim do ano.

Nos primeiros nove meses deste ano, entre janeiro e setembro, as exportações brasileiras para a Argentina acumularam US$ 8,6 bilhões, valor 19,3% acima do mesmo período do ano passado. Desempenho superior ao das exportações brasileiras globais (16,8%).

Ao mesmo tempo, as importações brasileiras de produtos argentinos, entre janeiro e setembro deste ano, atingiram US$ 5,7 bilhões (aumento de 24,9% frente ao mesmo período do ano passado).

Ainda assim, a balança comercial continua favorável ao Brasil com US$ 2,9 bilhões – superior aos US$ 2,7 bilhões dos primeiros nove meses de 2005.

Se o ritmo deste comercial bilateral (de US$ 14,3 bilhões até setembro) for mantido, afirma-se no documento, será registrado intercâmbio recorde de US$ 19 bilhões.

A outra novidade é que mudou a pauta de exportaçoes de produtos argentinos para o Brasil. Saíram trigo e petróleo (porque o Brasil passou a ser auto-suficiente) e entraram produtos industrializados, destacou Ivan Ramalho.




Fonte: BBC Brasil

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