UE defende sanções contra Coréia do Norte
O chefe da política externa do bloco, Javier Solana, que liderou as tentativas fracassadas de convencer o Irã a abandonar seu programa nuclear, afirmou ao Parlamento Europeu que era necessário impor sanções para mostrar a outros países que eles não deveriam seguir o exemplo da Coréia do Norte.
"O Conselho de Segurança (da ONU) precisa agir", afirmou.
"Senão outros países que estão olhando para saber qual será a resposta do Conselho de Segurança vão concluir que a comunidade internacional não encara com seriedade uma ação dessa natureza."
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, que possuem poder de veto — EUA, Grã-Bretanha, França, China e Rússia —, reuniram-se na terça-feira para discutir as sanções propostas pelos norte-americanos e japoneses depois de a Coréia do Norte ter anunciado a realização do teste, na segunda-feira.
Diplomatas esperam que uma resolução seja adotada até sexta-feira.
Segundo Solana, as sanções mais urgentes eram as capazes de evitar a proliferação da tecnologia nuclear dominada pelos norte-coreanos. Mas as sanções não deveriam ser dirigidas contra a população do país asiático, observou. "Eles já sofreram muito."
A comissária de Relações Exteriores da UE, Benita Ferrero-Waldner, afirmou ao Parlamento que o bloco havia sido um importante doador da Coréia do Norte nos últimos anos, fornecendo 345 milhões de euros (433 milhões de dólares) em ajuda desde 1995.
Segundo Ferrero-Waldner, o mundo precisa agir contra o governo norte-coreano. Mas acrescentou: "Gostaria de preservar a ajuda humanitária que temos enviado a essas pessoas. Elas não deveriam ser prejudicadas e punidas ainda mais por esse regime terrível."
Solana elogiou a postura "construtiva" adotada pela China, que, apesar de ser o aliado mais próximo da Coréia do Norte, defendeu a imposição de medidas punitivas contra o país vizinho.
O chefe da área de política externa da UE disse que a crise atômica apontava para a necessidade de reformar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, firmado em 1968. "Esse regime (norte-coreano) deveria se adaptar às realidades de hoje em dia", afirmou.
Um projeto de resolução da ONU para as sanções contra a Coréia do Norte inclui um embargo total de armas, o congelamento de qualquer transferência ou do desenvolvimento de armas de destruição em massa e a proibição de venda de produtos de luxo ao país.
Na quarta-feira, o Japão anunciou a adoção de novas sanções contra a Coréia do Norte, incluindo a proibição de entrada de navios norte-coreanos em seus portos e a suspensão das importações.
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