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Internacional
Quarta - 11 de Outubro de 2006 às 11:40

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Transformar a cinzenta planície da Praça da Paz Celestial, centro político e geográfico de Pequim, num parque arborizado e mais humano é o sonho de Ma Yansong, o arquiteto mais famoso e revolucionário da China atual.

O arquiteto foi a revelação da exposição de arquitetura internacional realizada em setembro na Bienal de Veneza, com um projeto chamado "Pequim 2050", que se atreve a transformar o austero centro da capital chinesa num jardim.

A Praça da Praça da Paz Celestial - cenário de momentos históricos, como a fundação da República Popular (1949), os encontros de Mao com os estudantes na Revolução Cultural (anos 60 e 70) e os protestos pró-democracia (1989) - é, segundo Ma, um centro urbano subutilizado, "visitado por poucos pequineses e deserto durante a noite".

Ma acha que a praça da Praça da Paz Celestial, idealizada à imagem e semelhança da Praça Vermelha de Moscou, "deve ter cada vez menos significado político" e se transformar "num lugar de lazer, com maior participação do povo, um centro psicológico".

O artista, de 30 anos, se tornou mundialmente famoso por seu desenho para a torre Absolute, em Mississauga (Canadá), um arranha-céu de 60 andares cheio de curvas que lembra um corpo de mulher e que será, segundo seu arquiteto, "o edifício mais sexy do mundo".

O projeto do estúdio de Ma venceu em abril um concurso do qual participaram 90 escritórios de 70 países. Seu prédio, que já foi apelidada de "edifício Marilyn Monroe", custará US$ 130 milhões.

Formado na Universidade de Yale, o jovem Ma conquistou a admiração dos chineses ao retornar a Pequim após seus estudos e fundar um escritório (MAD Architectural) que ganhou fama com seu espetacular projeto para a torre canadense.

O projeto "Pequim 2050" exposto em Veneza não se limita apenas à Praça da Paz Celestial, já que também propõe melhorias nos becos tradicionais do centro da cidade (chamados "hutong") e pretende dar mais alegria ao futuro distrito de arranha-céus (CBD) construindo um edifício em forma de nuvem.

O projeto também prevê o plantio de árvores, ainda que poucas, na Cidade Proibida, o palácio imperial ao norte da Praça da Paz Celestial, que tem um ar igualmente sério e solene.

"Ainda não falei com o Governo sobre o projeto, mas procurarei uma ocasião", diz Ma, que acredita que sua idéia não será rejeitada, já que não implica mudanças nos edifícios emblemáticos da praça, nem no mausoléu que guarda o corpo embalsamado de Mao Tsé-Tung, no centro.

"Minha idéia não é ir contra a história, mas admiti-la", assegura Ma, que, por outro lado, não compartilha da imagem que o Ocidente tem da Praça da Paz Celestial, lembrada sobretudo pela violenta repressão dos protestos de 1989.

Se o projeto de Ma não for aceito, o arquiteto não se desanimará: "Meu objetivo é sobretudo chamar a atenção e movimentar a discussão. No Ocidente, é moda falar da vida e da cidade do futuro". Ma critica Pequim e a China em geral pela falta de projetos urbanos para o futuro: "Só há planos até 2008, por causa dos Jogos Olímpicos. O que se fará depois? Ainda é uma dúvida", assegurou.

"Quando os cerimoniais políticos já não importarem tanto, será possível realizar meu plano", afirmou Ma, dando a entender que é a hora de a Praça da Paz Celestial, em vez de ser palco de desfiles de tanques nas datas especiais, ser um lugar onde a população passeie, entre árvores e fontes.





Fonte: EFE

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