CBF amplia rigor da arbitragem, pune e avisa depois
Insatisfeita com a falta de pulso dos juízes no Brasileiro, a Comissão Nacional de Arbitragem decidiu mudar a sua avaliação e focou três pontos: a punição com amarelo no retardamento de jogo, vermelho nas faltas bruscas --foco nos carrinhos-- e não tolerar excessos dos técnicos à beira do campo.
Mas a medida só se tornou pública depois do barulho que o técnico Emerson Leão fez por ter sido expulso por reclamação, no clássico entre Corinthians e Santos.
Em 6 de outubro, um dia depois de o treinador corintiano ser colocado para fora do campo pelo árbitro Wilson Luiz Seneme, o site da CBF anunciou que haveria uma tolerância menor dos juízes diante de indisciplina de atletas e membros das comissões técnicas.
Com o título de "CBF exige rigor dos árbitros no cumprimento das Regras do Jogo", uma notícia informava sobre a existência da circular --até a noite de ontem, ela ainda estava disponível para leitura.
A expulsão do treinador ganhou repercussão pelo fato de Leão ter destacado o comportamento do juiz no clássico. Ele disse ter sido expulso "de longe" por Seneme, a quem classificou como "príncipe".
Porém a decisão de apertar o laço --como fez o árbitro do clássico em relação às reclamações de Leão-- veio dias antes, sem ter sido divulgada.
Em 29 de setembro, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Edson Rezende, enviou uma circular a todos os integrantes da Renaf (Relação Nacional dos Árbitros de Futebol) solicitanto mais rigor dos árbitros no Nacional e elencando os três pontos cruciais a serem observados.
A recomendação, porém, só chegou efetivamente aos técnicos, de maneira direta, no último final de semana --passadas duas rodadas depois de ela ser feita por Rezende aos árbitros.
Um dos treinadores avisados sobre o recrudescimento do rigor com atos considerados indisciplinados foi Muricy Ramalho, no jogo entre o seu São Paulo, o líder do campeonato, e o Fluminense, no Maracanã, no sábado passado.
Segundo Muricy, o quarto árbitro do jogo, Adriano Pereira Machado, foi até ele e o advertiu, a pedido do juiz Heber Roberto Lopes, que conduziu o confronto, a respeito das novas diretrizes disciplinares da comissão de arbitragem.
"Ele falou que o juiz quer que os treinadores tenham uma postura diferente agora. Ser menos incisivos, não falar palavrão."
Segundo Rezende, o desempenho dos treinadores à beira do campo deveria se limitar a instruir seus comandados e mudar a equipe taticamente.
"Não podemos tolerar xingamentos, agressões verbais, tanto com os jogadores ou com os juízes. Os técnicos têm que dar exemplo de serenidade aos seus comandados e aos torcedores", afirmou ele.
Ao ser questionado se todos os treinadores não deveriam ser orientados sobre esse rigor, Rezende foi enfático ao discordar. "Eles [técnicos] têm que conhecer as regras."
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