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Internacional
Terça - 10 de Outubro de 2006 às 13:40

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O processo de Saddam Hussein pelo genocídio de curdos foi suspenso depois de uma tumultuada audiência nesta terça-feira, marcada pela expulsão do ex-presidente e de seis outros acusados.

Enquanto as primeiras testemunhas de vítimas curdas sobre os horrores nos campos de detenção do regime de Saddam eram ouvidas na manhã desta terça-feira, o ex-chefe de Estado declamou um verso do Corão: "Combata-os e Deus lhe dará a vitória". O juiz Mohammed al-Oreibi al-Khalifa fechou o microfone e expulsou Saddam Hussein.

Como vem ocorrendo freqüentemente, um outro acusado, Hussein Rachid al-Tikriti, ex-comandante adjunto das forças armadas, juntou-se à querela. Ele pediu para sair, acusando o tribunal de ser composto de "comparsas e traidores". Em seguida, deu um soco num porteiro e foi expulso.

Um terceiro acusado, Ali Hassan al Majid, ex-ministro da Defesa, afirmou: "Quero que o veredicto seja divulgado imediatamente. Quero ser executado e acabar com este processo".

Os debates continuaram a portas fechadas, quando todos os acusados já estavam ausentes do tribunal. A 15ª audiência deste processo no alto tribunal penal iraquiano, localizado na zona fortificada de Bagdá, acontecerá na quarta-feira.

As mulheres descreveram violações brutais e outros tipos de violência dos quais foram testemunhas há quase vinte anos, nos campos em que os curdos ficaram detidos.

Uma curda contou ter visto uma mulher que foi obrigada a parir seu filho no banheiro. "Tivemos de cortar o cordão umbilical com a ajuda de um caco de garrafa e envolvemos o bebê numa toalha grossa", disse diante da Corte, atrás de uma cortina para proteger sua identidade.

Uma outra testemunha anônima contou que os prisioneiros terminaram atacando o autor das violações depois da morte de uma de suas vítimas. No entanto, os prisioneiros teriam sido severamente castigados pelos responsáveis pelo campo.

Desde o início do processo no dia 21 de agosto, as testemunhas vêm descrevendo a fuga ou a morte de habitantes depois do ataque de suas cidades com armas químicas, a separação das famílias, a agonia das vítimas nos hospitais e as condições degradantes das prisões do sul do Iraque.

O ex-presidente iraquiano e Hassan al-Majid, apelidado de Ali o químico por seu papel nos bombardeios químicos das áreas civis, são acusados de genocídio.

Além disso, os dois e os cinco co-acusados foram indiciados por crime de guerra e crime contra a humanidade contra os curdos por terem ordenado e executado as campanhas militares de Anfal, em 1987-1988, que deixaram mais de 180.000 mortos no Curdistão, segundo a acusação.

Todos podem ser condenados à pena de morte.





Fonte: AFP

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