Paquistão se compromete a cooperar com a Otan contra talibãs
Richard, que é comandante da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) no Afeganistão - sob comando da Otan -, se reuniu com Musharraf na capital paquistanesa, para discutir como conter a crescente ameaça talibã no Afeganistão, que parece ter ganhado força desde que os EUA derrubaram o regime do mulá Omar, em 2001.
A visita de Richards ao Paquistão faz parte dos esforços das autoridades dos dois países para impedir o trânsito de militantes pró-Talibã e da Al Qaeda na fronteira paquistanesa, através da qual cometem ataques em território afegão e voltam ao Paquistão para se esconder.
A imprensa britânica chegou a especular que Richards apresentaria a Musharraf fotos e vídeos comprovando que os serviços secretos do Paquistão (ISI, em inglês) estariam ajudando e treinando os talibãs em território paquistanês.
No entanto, Richards negou ter trazido provas contra o ISI em sua viagem ao Paquistão.
Em declarações à rede de televisão "GEO TV", o general Richards classificou as especulações de "campanha de propaganda" e elogiou o combate ao terrorismo feito pelo Governo do Paquistão.
O porta-voz militar paquistanês, Shaukat Sultan, informou que a reunião ocorreu em um ambiente de cordialidade, e que Musharraf informou Richards sobre os passos do Paquistão para enfrentar a ameaça talibã na fronteira.
Musharraf disse a Richards que o Paquistão mobilizou cerca de 80 mil soldados na fronteira com o Afeganistão para impedir a infiltração de rebeldes em ambos os lados da fronteira.
O presidente paquistanês sugeriu no passado que o envio de militares não era uma solução para o problema, já que os talibãs têm a simpatia da população local.
Estas circunstâncias, segundo Musharraf, indicam que a melhor solução é combater os talibãs, ou ao menos seus simpatizantes, pela via política.
Segundo o porta-voz militar paquistanês, Musharraf explicou a Richards os detalhes do acordo obtido em 5 de setembro pelo Paquistão e pelas autoridades do Waziristão do Norte, zona que faz fronteira com o Afeganistão, governada por líderes tribais e suspeita de ser um esconderijo para talibãs e membros da Al Qaeda.
Em virtude do acordo, o Paquistão se comprometeu a libertar todos os prisioneiros rebeldes, devolver as armas e veículos apreendidos e desmantelar todos os postos de controle da zona.
Também foi aceita a restauração dos privilégios das tribos e uma indenização para as famílias dos moradores da região que morreram em combates.
Em troca, os rebeldes pró-Talibã se comprometeram a parar todos os ataques contra instalações civis e militares na região, e garantiram às autoridades militares paquistaneses que não usarão a fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão para lançar ataques sobre território afegão, nem permitirão que ninguém o faça.
Musharraf disse que o acordo - criticado de forma velada pelo presidente afegão, Hamid Karzai - tem como objetivo impedir que os rebeldes cruzem a fronteira entre Paquistão e Afeganistão para atacar as forças estrangeiras.
Tanto o Afeganistão como o Paquistão são importantes aliados dos EUA em sua luta global contra o terrorismo, mas suas relações bilaterais sempre foram tensas.
Ao lado dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita, o Paquistão é um dos três países que reconheceu o regime talibã, e é acusado pelo Afeganistão de dar apoio aos insurgentes.
O Paquistão, em contrapartida, acusa seu vizinho de ser vítima dos próprios erros e de não fazer o suficiente na luta contra os rebeldes.
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