Rússia despede-se de repórter morta; Putin enfrenta pressão
Politkovskaya, 48, foi morta a tiros no sábado em seu prédio na região central de Moscou, em caso que promotores relacionaram ao seu trabalho.
Ela ganhou fama na Rússia devido à defesa vigorosa dos direitos humanos e críticas às políticas do governo, em especial à condução da guerra brutal contra separatistas na Chechênia.
Dezenas de colegas de Politkovskaya, figuras públicas e admiradores reuniram-se no cemitério Troyekurovskoye na região oeste de Moscou, enquanto Putin partia para a Alemanha, onde enfrentará perguntas desconfortáveis sobre a morte.
Autoridades russas, mas não do alto escalão, também estavam na cerimônia.
"Ela foi uma mulher única na Rússia de hoje, que tem poucas pessoas honestas na política e no jornalismo", disse Nikolai Smirnov, arquiteto de São Petersburgo que foi de avião para Moscou a fim de homenagear sua autora favorita.
A polícia ainda está procurando pistas sobre quem matou Politkovskaya. Muitos políticos e colegas da jornalista descrevem seu assassinato como um crime político, apesar das diferenças de opinião sobre quem estaria por trás dele.
"Infelizmente, este é o fim de uma era no jornalismo russo e eu não sei o que vai acontecer agora que ela está morta", disse Smirnov, segurando um buquê de cravos vermelhos.
O corpo de Politkovskaya ficará exposto em um prédio da era soviética no cemitério antes do enterro.
A morte de Politkovskaya provocou condenação de líderes mundiais, incluindo do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e de organizações internacionais, que pediram uma investigação rígida.
Putin limitou sua reação pública a uma promessa a Bush, em conversa por telefone na segunda-feira, de que será realizada uma "investigação objetiva".
O presidente russo partiu nesta terça-feira para Dresden — cidade do leste da Alemanha onde serviu como agente da KGB nos anos 1980 — para negociações com a chanceler Angela Merkel.
Andreas Schockenhoff, especialista em política exterior do bloco conservador de Merkel no Parlamento, disse que o assassinato de Politkovskaya foi um "sério retrocesso para o desenvolvimento da democracia na Rússia".
O assassinato destaca problemas enfrentados pela mídia na Rússia, onde o Kremlin centralizou o poder político sob o comando de Putin, aumentando as preocupações ocidentais em relação à democracia.
Colegas da jornalista disseram que estão comprometidos a manter sua causa.
"Hoje é luto, mas depois vamos continuar com o trabalho de fazer o jornal", disse Andrei Lipsky, vice editor-chefe do jornal liberal Novaya Gazeta, onde Politkovskaya trabalhava.
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