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Internacional
Terça - 10 de Outubro de 2006 às 07:58

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A China recusou-se nesta terça-feira a descartar possíveis sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a Coréia do Norte, mas disse que uma ação militar é inimaginável.

O país afirmou que não tem informações sobre a grande especulação de que o Norte poderia estar preparando um segundo teste. Na segunda-feira, a Coréia do Norte anunciou ter realizado seu primeiro teste nuclear.

Questionado sobre o que Pequim acha da possibilidade de uma ação militar, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Liu Jianchao, disse acreditar que "este é um caminho inimaginável".

Analistas dizem que o anúncio feito na segunda-feira pela Coréia do Norte é quase certamente uma tentativa de levar os Estados Unidos a encerrarem uma ação contra suas finanças e concordarem finalmente em negociar frente a frente.

Segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, uma autoridade norte-coreana disse que seu país só voltará às negociações multilaterais para acabar com seu programa nuclear se Washington fizer concessões.

"Ainda estamos dispostos a abandonar os programas nucleares e voltar às negociações entre as seis partes...se os EUA adotarem medidas correspondentes", disse a autoridade, que não foi identificada.

Ele afirmou ainda que Pyongyang está preparada para acoplar ogivas nucleares a mísseis e conduzir outros testes "dependendo de como a situação continuar".

Longe de fazer concessões, EUA e Japão — alvo tradicional da hostilidade da Coréia do Norte — pressionaram na segunda-feira por sanções duras da ONU.

Até mesmo o presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-hyun, prometeu rever sua "política do sol nascente", que prevê contatos com o vizinho recluso.

O Ministério das Relações Exteriores da China disse que está adotando medidas para incentivar a Coréia do Norte a voltar às negociações, mas advertiu Pyongyang de que prejudicou as relações com o único país que poderia ser seu aliado.

A declaração norte-coreana foi um duro golpe à doutrina do presidente da China, Hu Jintao, de usar medidas econômicas e diplomáticas para acabar com o processo de Pyongyang a caminho das armas nucleares.

O iene atingiu baixa de oito meses frente ao dólar diante das especulações sobre um segundo teste de Pyongyang, ampliando as perdas depois do anúncio de segunda-feira.

SANÇÕES

Líderes mundiais condenaram a declaração da Coréia do Norte, que é um país pobre, e Washington fez uma proposta de resolução da ONU pedindo inspeções internacionais em toda a carga que entra e sai do país asiático, a fim de encontrar material relacionado a armas.

Os EUA também querem congelar as transferências ou o desenvolvimento de armas de destruição em massa e proibir as importações de bens de luxo.

O texto deverá ser debatido no Conselho nesta terça-feira.

O Japão propôs medidas mais severas. Entre elas está a proibição da entrada de navios e aviões norte-coreanos em todos os portos caso levem materiais ligados à área nuclear ou de mísseis balísticos.

O Japão congelou pagamentos e transferências para a Coréia do Norte de suspeitos de terem ligação com o desenvolvimento de armas de destruição em massa depois dos testes com mísseis feitos por Pyongyang em julho.

Mas autoridades de Tóquio deixaram claro que o Japão quer confirmação da realização do teste subterrâneo de segunda-feira antes de adicionar mais sanções.

Uma autoridade dos EUA disse que pode levar muitos dias até que analistas de inteligência determinem se o evento em uma região perto da fronteira entre a Coréia do Norte e a China foi um teste nuclear bem-sucedido, um pequeno aparato nuclear ou uma explosão não-nuclear.

Autoridades no Japão, na Coréia do Sul e na China disseram que não detectaram mudanças nos níveis de radiação.

Analistas dizem que a Coréia do Norte provavelmente tem material suficiente para fazer entre seis e oito bombas nucleares, mas que não deve ter tecnologia para montar uma ogiva pequena o suficiente para ser acoplada a um míssil. (Com reportagem de Kim So-young e Jon Herskovitz em Seul, Lindsay Beck e Chris Buckley em Pequim, Ben Blanchard em Dandong, Evelyn Leopold na ONU e David Morgan, Carol Giacomo, Kristin Roberts, Steve Holland e Andrea Shalal-Esa em Washington)





Fonte: Reuters

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