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Cidades/Geral
Terça - 10 de Outubro de 2006 às 04:25
Por: Josi Costa

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O prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB) disse ontem que o Ministério da Saúde (MS) deixou de repassar mais de R$ 20 milhões ao município nos últimos 18 meses. A declaração foi feita durante entrevista coletiva à imprensa, no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá, pouco antes de o promotor Alexandre Guedes, do Ministério Público Estadual (MPE), visitar as dependências da unidade de saúde acompanhado pela presidência dos sindicatos dos médicos e dos odontólogos.

Ontem, sete dos 10 leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) já estavam disponíveis. Semana passada, apenas dois eram ocupados por falta de condições de manutenção. Quatro dos 20 leitos para UTI neonatal e pediátrica ainda estão parados."Todos eles estarão funcionando 100% entre 7 e 10 dias", garante Santos. "Nem sempre estamos preparados para atender", justifica, ao comentar a reclamação de falta de medicamentos.

Santos voltou a criticar o modelo de saúde adotado na Capital. "Além de atender pacientes de vários municípios atendemos até bolivianos", diz. "É humanamente impossível o dinheiro da prefeitura chegar a todos", insiste, ao afirmar que o PS atende cerca de 50 mil pacientes por mês. Santos não detalhou, mas insistiu que os problemas da saúde, em 2006, são atípicos de "ano eleitoral".

Ao tentar justificar as denúncias e reclamações dos sindicatos ao MPE, o prefeito disse que a Capital não tem hospital estadual, exceto o Universitário (Hospital Universitário Júlio Muller - HUJM). "Cada vez que cai a umidade relativa do ar temos uma explosão de pacientes", diz. "Há 11 hospitais particulares fechados no Estado e os pacientes vêm todos para Cuiabá", completa. O prefeito disse que 60% dos exames realizados na rede municipal serão terceirizados ao preço de SUS".

Estopim - O corte, sem aviso, de índices entre 20% e 40% da insalubridade dos servidores municipais foi a gota d"água para o início da greve, que há pelo menos 15 dias prejudica o atendimento ao usuário. Revoltada, a categoria mantém apenas atendimentos essenciais nas cinco policlínicas, no pronto-socorro e nas clínicas odontológicas.

O prefeito disse estar empenhado em resolver os problemas para pôr fim à greve, mas não convenceu os sindicalistas que estavam presentes. "Não há nada de efetivo", insistia a presidente do Sindicato dos Médicos, Maria Cristina Pacheco, visivelmente irritada ao rebater o discurso de Santos, que se irritou com a postura da médica, em seguida à sua coletiva.

Santos chegou a insistir, em tom alterado e direto à sindicalista, que regularizou os salários, mas Cristina rebateu, ao lembrá-lo que salário é um dos direitos de quem trabalha.

O presidente do Sindicato dos Cirurgiões Dentistas, Gustavo Moreira de Oliveira, não fez diferente. "Pedimos ao prefeito um documento formal, mas ele diz que é do tempo do fio do bigode", conta. Oliveira reclamou da falta de segurança e de condições de trabalho, além do piso de R$ 600 (por seis horas de trabalho) não sofrer reajuste há 12 anos. "O que recebemos, além disso, são penduricalhos", insiste, ao se referir aos prêmios ou abonos que não se incorporam ao salário.

De olho - O promotor Alexandre Guedes avisou ao prefeito que voltará ao Pronto-Socorro quantas vezes forem necessárias e prometeu cobrar "de quem quer que seja" o cumprimento da lei. Guedes disse que vai apurar a denúncia de sonegação de R$ 1,2 milhão por mês do Ministério da Saúde (MS). "Nada do que vimos aqui nos surpreende", disse o promotor, após a visita ao PS superlotado.

O secretário estadual de Saúde, Augustinho Moro, disse que a Capital fica com R$ 67,6 milhões/ano, dos R$ 90 milhões que o governo repassa aos nove municípios que têm gestão plena. Moro acrescentou que o Estado compra diversos serviços em hospitais como Santa Casa, Júlio Muller e Hospital do Câncer. O secretário inclui nos investimentos do Estado, entre outras ações que colaboram com o município, a manutenção da Escola de Saúde Pública (ESP), que capacita profissionais em diversas áreas de saúde.




Fonte: A Gazeta

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