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Internacional
Segunda - 09 de Outubro de 2006 às 10:25

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Rhoda, de 17 anos, espera pacientemente em uma fila de quase dois quilômetros de extensão formadas por jovens e adolescentes que esperam para serem atendidas no "Centro de Exames" que se encarregará de comprovar sua virgindade.

O chefe Naboth Makoni, do distrito de Makoni, onde vive Rhoda, afirma que os exames fazem parte de uma campanha contra a aids no Zimbábue, país que tem um dos maiores índices de incidência da doença do continente e onde se calcula que um em cada quatro adultos é soropositivo.

O líder da comunidade afirmou que a prática de atestar a virgindade das jovens previne a aids porque faz com que as relações sexuais antes do casamento sejam consideradas vergonhosas.

No entanto, o distrito de Makoni tem um dos mais altos índices de aids no Zimbábue.

Quando chega a vez de Rhoda, uma idosa pede que ela se deite, abre suas pernas e a examina usando a mesma que colocou nas partes íntimas de outras moças.

O exame termina e Rhoda recebe uma folha de árvore impecável como sinal de que ainda é virgem.

A prática vem sendo ressuscitada no Zimbábue nos últimos anos sob a justificativa de que preserva a identidade e a cultura africana.

Assim como no Zimbábue, os exames também vêm sendo aplicados em outros países da região, como Malauí, África do Sul e Suazilândia, todos com altos níveis de incidência da doença.

No Zimbábue, meninas a partir de 5 anos podem ser examinadas. Se alguma não passar no exame, o pagamento que o pretendente fará por ela antes do casamento será menor, ou o futuro marido poderá recusar-se a se casar com ela.

Mesmo que o homem aceite finalmente casar-se com uma jovem que tenha perdido a virgindade, a família de sua esposa será submetida à vergonha e ao ridículo, bem como sua esposa.

No caso dos homens, não é necessário submeter-se ao exame, porque não se espera que se mantenham virgens até o casamento. No Zimbábue, assim como em outros países da região, a experiência sexual dos homens é incentivada e a infidelidade masculina em geral é perdoada.

"Os exames de virgindade permitem que o homem tenha liberdade sexual, sem que haja um exame similar para eles. Já as meninas, por outro lado, têm sua dignidade atingida", afirma Netsai Mushonga, da Coalizão de Mulheres do Zimbábue.

"A idéia dos exames de virgindade não tem nenhum sentido", frisa.

Ninguém questiona que a abstenção sexual antes do casamento, seja para os homens ou para as mulheres, reduz os riscos de infecção pelo vírus da aids.

No entanto, muitas jovens evitam fazer o exame de virgindade porque foram vítimas de estupro, e algumas não passam no exame porque seu hímen pode ter se rompido sem que, necessariamente, tenham mantido relações sexuais.

O chefe Makoni afirma que é necessário voltar o foco para as moças e não para os homens, porque elas podem ser melhor "controladas". E quando isso acontece, acrescenta, a comunidade tem "a chave para prevenir o sexo pré-nupcial".

Para Makoni, a virgindade tem um preço.

"Se um homem se casa com uma mulher virgem, paga aos seus pais uma vaca extra, chamada ''chimanda''. Mas, se não chegar virgem ao casamento, é considerada de menor valor", afirma o líder distrital.





Fonte: EFE

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