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Segunda - 09 de Outubro de 2006 às 08:55

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O ano de 2006 foi especial para o cantor e compositor Frank Aguiar, que completa quase 15 anos de carreira à frente de teclados dedilhados freneticamemte no ritmo do forró. Aos 36 anos, ele foi homenageado no carnaval paulista pela escola Tom Maior, se graduou bacharel em Direito, lançou o 13º disco (Sou Brasileiro) e foi eleito, no dia 1º de outubro, deputado federal pelo PTB-SP com 144.701 votos. Se a princípio sua eleição - bem como a do estilista e apresentador Clodovil- pode ser vista como protesto do cidadão paulista contra a seqüência de escândalos que abalam a política brasileira, Aguiar faz questão de afirmar que representa uma proposta alternativa e inovadora, mas bem fundamentada, e não uma negação à política.

"Não posso e não quero responder pelo Clodovil, não fiz pesquisa qualitativa comparando-o comigo, poderia até ter feito. Fizemos a pesquisa da minha campanha e não foi o voto de protesto, foi o voto de confiança (que me elegeu)", disse Aguiar. "Acredito que há um descrédito com a política, mas fui tentar compreendeender o que o eleitor quer e mostrar que é através da política que se faz a transformação. Muitos queriam votar nulo, mas mostrei que temos de mudar, que podemos eleger alternativas à política daqueles que tomam o dinheiro público em benefício próprio".

Aguiar assume ter recebido votos do eleitor desgostoso com a classe política tradicional, bem como do fã de seus sucessos do forró. Mas não vê como surpreendente o fato de ter sido escolhido parlamentar do maior colégio eleitoral do País logo em sua primeira tentativa apesar do curto tempo de propaganda no rádio e na TV.

"Não foi surpreendente conseguir me eleger. Fiz minha campanha, trabalhei muito e vi que as pessoas queriam inovar, queriam o novo", afirmou. "Fiz campanha 24 horas por dia. Andei pelos calçadões, fui à periferia e visitei mais de 400 cidades de São Paulo. Consegui, nesta minha andança, fazer meu discurso sobre a necessidade de colocar um novo representante do povo lá na casa (Câmara)", descreveu o cantor.

"Devido à propaganda restrita (no horário político) não tivemos tempo para propagar idéias e projetos, no rádio e na TV mal dava tempo de citar meu nome, o número e o partido. Mas as pessoas investiram no cidadão de bem, e também investiram no ídolo, por que não? É melhor do que usar o dinheiro das pessoas para coisas inaceitáveis e ilícitas", diz.

Decência e cautela Falando rápido, mas com confiança, Aguiar reforçou a idéia de que escolheu o momento certo para se candidatar a deputado federal. A todo instante, durante a entrevista concedida à reportagem do Terra, frisou estar bem preparado e assessorado para representar São Paulo na Câmara dos Deputados.

"Podem esperar um parlamentar decente, que vai trabalhar com cautela e com cuidados para ser um representante do povo, um fiscal da União. Estou ciente da minha responsabilidade: é emendar, aprovar, desaprovar, aprovar... mas sempre em função da classe menos favorecida", afirmou Aguiar.

"Estou bem preparado e instruído para a função - me formei bacharel em Direito no final do ano passado, analisei o regimento, me cerquei de bons assessores e fiz uma boa equipe, que me auxiliará na função", explicou o novo deputado.

Família Aguiar é conhecido por sua festiva, humorada e bem sucedida carreira musical. Apelidado de "cãozinho dos teclados" - por conta do uivo canino que emenda ao fim de determinados acordes e que também virou refrão de sua propaganda eleitoral -, ele empolga multidões em seus shows e vendeu pelo menos um milhão de cópias de cada um de seus álbuns em todo o País. No universo político paulista, porém, surgiu como novidade nas eleições 2006, com uma candidatura definida apenas nas convenções do PTB, em junho.

No entanto, o deputado recém eleito diz não ser exatamente novato na área política. "Sou de uma família que fez e ainda faz política lá no Piauí. Meu pai (Xico) já foi político e minha irmã foi deputada estadual (Marilene Aguiar, do PCdoB)", contou. A irmã de Aguiar assumiu uma vaga na Assembléia Legislativa do Piauí em 2005, após ocupar a suplência em 2002. Tentou a reeleição nas eleições do último domingo sem sucesso. Nascido em Itainópolis, no interior do Piauí, e ainda atendendo pelo nome de batismo Francineto Luz de Aguiar, Frank Aguiar ingressou na política aos 19 anos, quando fundou o diretório municipal do PSDB. A idéia de se candidatar, porém, não estava amadurecida, o que se ocorreu 14 anos após migrar para São Paulo. "Tinha de desenvolver este meu lado uma hora ou outra. Agora estou mais bem preparado, ser formado e ter me preparado bem me ajudou na decisão", disse Aguiar. "E decidi que deveria concorrer por São paulo, 14 anos depois de chegar este Estado que me acolheu muito bem. Acredito que isto é um jeito que eu tenho para retribuir tanto carinho", declarou. Projetos: promessa de pai e de ídolo Aguiar garante ter definido suas principais áreas de atuação na Câmara. Como nordestino e migrante e também como profissional bem sucedido, pai de três filhos (é pai da menina Luma, 10 anos, e dos meninos Ítalo, 7 anos, e Breno, 2 anos), ele defende ações nas áreas da educação e da cultura. "Vou defender muito os temas da educação e da cultura. Esta porque já faz parte da minha história, da minha vida. E a educação porque nossa população precisa", definiu. "Nosso País tem índices muito trágicos nesta área, em relação a outros países emergentes. Nós ainda temos cerca de 23 milhões de analfabetos com média de idade de 25 anos, o que é muito sério. E temos de desenvolver também projetos de educação básica, que permitam remunerar melhor nossos professores, que estimulem os alunos a querer aprender", afirmou. Agenda Aguiar afirma que conseguirá conciliar os compromissos políticos com a agenda de shows e que uma prática não irá atrapalhar o desempenho da outra. "Meus shows continuam nos finais de semana. A política não vai atrapalhar minha carreira e a carreira não vai me impedir de estar em Brasília durante a semana". Apesar do visual cowboy usado nas apresentações, com direito a chapéu e botas de vaqueiro, o cantor afirmou que não irá entrar "solando" na Câmara Federal. Prometeu atuar de forma conciliativa e propositiva. "Nada de chegar lá brigando com ninguém, mas sim com humildade, com cautela", afirmou. "Vou procurar entender o funcionamento daquela casa, mas espero fazer um bom relacionamento com outros parlamentares, pois este é o meu perfil", garantiu. "Não falo dos maus relacionamentos e dos arranjos, mas da busca do consenso, do bom entendimento e da dignidade, que é o que os políticos tradicionais não vêm fazendo, de um modo geral", concluiu.





Fonte: Terra

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