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Internacional
Domingo - 08 de Outubro de 2006 às 11:13

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O Governo nepalês e os maoístas concluíram hoje a primeira de uma série de reuniões voltadas para definir o novo mapa político do Nepal e marcaram um novo encontro para a próxima terça-feira a fim de dar continuidade às negociações.

Em debate estão o futuro da monarquia do Nepal, de 257 anos de idade, uma nova Constituição interina e a participação maoísta em um Governo provisório que terá a incumbência de convocar eleições para uma Assembléia Constituinte para 2007.

Estas conversas de paz, as segundas desde meados de julho, representam um passo a mais no processo de transição política do Nepal desde que, no final de abril, o rei Gyanendra se viu obrigado a renunciar ao poder absoluto e a restaurar o Parlamento.

A reunião deve durar três ou quatro dias, devido a que os assuntos que são tratados são polêmicos e os dois grupos mostram claras diferenças, segundo vários participantes.

O encontro começou às 9h15 (0h30 em Brasília) na protegida residência do primeiro-ministro, Girija Prasad Koirala, que lidera as conversas junto ao líder maoísta, Prachanda, além de outros líderes da aliança de sete partidos governantes.

"Esperamos que esta reunião possa resolver todas as diferenças", afirmou Mriendra Rijal, um dos dirigentes da aliança governante.

Um dos líderes maoístas, Krishna Bahadur Mahara, também se mostrou otimista. "Estamos dispostos a obter um acordo em todos os temas, agora só depende da aliança".

Este tipo de declaração desperta grandes esperanças no Nepal, um país de 28 milhões de habitantes que convive há dez anos com a insurgência armada maoísta. Treze mil pessoas morreram no período.

Atualmente continua vigente o cessar-fogo declarado há cinco meses enquanto se desenvolvem as negociações para alcançar uma paz permanente.

Até agora, no entanto, a conquista da paz foi dificultada por sérias divergências em vários assuntos, especialmente o desarmamento dos maoístas e do Exército nepalês.

As duas partes pediram às Nações Unidas que supervisione seus acampamentos, vigie o processo de paz e envie observadores às eleições para a Assembléia Constituinte que serão realizadas no próximo ano, ainda sem data definida.

O Governo quer que os maoístas comecem a se desarmar agora, mas os rebeldes reivindicam "reciprocidade" ao Exército, nas palavras do líder maoísta Baburam Bhattarai, para quem "não é possível que só um lado decida pelo desarmamento".

Em debate também está o futuro de Gyanendra e do regime monárquico que representa, prejudicado por sua atuação absolutista durante 14 meses, de fevereiro de 2005 a abril de 2006, quando se viu obrigado a abandonar o poder absoluto após uma revolta popular de 19 dias.

Os maoístas querem a promulgação imediata de uma República, mas o octogenário primeiro-ministro, designado pelo monarca, é partidário da continuidade de Gyanendra como rei constitucional.

Outra das questões mais espinhosas é a formação de um Parlamento interino, já que na Assembléia atual - escolhida originalmente em 1999, suspensa em 2002 e reativada pelo rei em abril - os maoístas não têm representação.

Os rebeldes reivindicam a dissolução imediata do Parlamento e a constituição de uma Assembléia provisória onde tenham uma representação similar à aliança governante.

A primeira rodada de conversas de paz entre os maoístas e a aliança governante foi realizada em 16 de junho e nela se chegou a um acordo de oito pontos entre as duas partes.





Fonte: EFE

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