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Caxemira ainda vive crise de moradia um ano após terremoto
Cerca de 2 milhões de pessoas se preparam no Paquistão para passar o segundo inverno sem uma moradia fixa um ano após o devastador terremoto que matou 73 mil pessoas na região da Caxemira.
No primeiro aniversário da tragédia, as Nações Unidas afirmaram que a reconstrução das áreas afetadas durará, pelo menos, dez anos. As autoridades paquistanesas, por sua vez, prevêem que o processo levará metade do tempo.
A diretora-geral do Programa de Desenvolvimento da ONU (Pnud) para a prevenção de crise e a reconstrução do Paquistão, Kathleen Cravero, disse que o próximo inverno é crucial para o alcance das principais metas do programa, já que a maioria da população que havia abandonado suas casas voltou às suas terras.
Apesar de o Governo paquistanês afirmar que em muitas regiões afetadas a reconstrução a médio prazo foi praticamente concluída, há, segundo Cravero, pouquíssimas mudanças práticas.
"Os dois pontos cruciais do programa, que são a reconstrução e as compensações econômicas, vieram acompanhadas de problemas sérios de ineficácia e corrupção", disse.
Na quinta-feira, o presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, havia dito que 90% da reconstrução a médio prazo tinha sido finalizada na região de Azad Kashmir, a parte da Caxemira sob o controle do Paquistão.
O ex-primeiro-ministro caxemiriano Sardar Sikander Hayat Khan disse que se sente triste por ver que, um ano depois do terremoto, a realidade na região é ainda muito dura.
Na opinião do ex-premiê, em vez de aprender a lição sobre a catástrofe e montar mecanismos para prevenir e suportar possíveis desastres no futuro, o Governo não desenvolveu uma estratégia que permita a implementação de programas de recuperação.
Khan, que era o primeiro-ministro regional quando aconteceu o terremoto, disse que o povo da Caxemira segue em frente graças à sua resistência e a seu próprio esforço, já que as reformas estatais e as ajudas à reconstrução quase não contribuem para isso.
Um ano depois do terremoto, diversas agências internacionais de doações pediram à Autoridade para a Reconstrução e a Recuperação após o Terremoto (Erra, na sigla em inglês), formada após a catástrofe, que ponha em prática um plano de proteção dos sobreviventes para o duro inverno que está para chegar.
A Erra garante que 30% dos desabrigados pelo terremoto já iniciaram os trabalhos de reconstrução e que 60% deles cumprem com os padrões de segurança recomendados pelas autoridades.
Segundo um documento da Erra, já foram feitos os planos gerais de Muzaffarabad e Bagh, as duas principais cidades da Caxemira paquistanesa devastadas pelo terremoto. Os planos de Rawlakot e New Balakot, na província da Fronteira Noroeste, estão em sua fase final.
No entanto, a ONG Oxfam, que vem trabalhando na região desde o terremoto, afirma que apenas 17% dos 450 mil donos de casas afetadas começaram a construir casas permanentes.
Segundo a Oxfam, a corrupção na região, a dificuldade de acesso, a magnitude da catástrofe, as condições climáticas extremas e alguns erros na ajuda a alguns grupos vulneráveis dificultaram a reconstrução.
Em um relatório recente, a ONG disse temer que pelo menos 1,8 milhão de pessoas ainda vão enfrentar outro inverno em condições precárias devido à corrupção, que impede que a distribuição do dinheiro seja feita de maneira adequada.
A ajuda não chega facilmente porque, em muitos casos, os funcionários e os responsáveis pela distribuição do dinheiro só emitem documentos importantes quando são subornados.
Fonte:
EFE
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