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Infraero não descarta erro no controle do tráfego aéreo
O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, disse ontem que não é possível afastar, neste momento, a possibilidade de erro no controle do tráfego aéreo como fator que levou à colisão entre o Boeing-737/800 da Gol e o Legacy, matando 154 pessoas.
Pereira ressaltou que é necessário cruzar dados das caixas-pretas com os registros de radar em terra. "É prematuro [dizer que não há culpa do controle]. Tem que ter todos os dados. Não só as caixas, mas também contextualizar com as gravações de terra, com as imagens de radar, com o depoimento dos pilotos que sobreviveram. É prematuro acusar ou defender qualquer pessoa", afirmou.
A Infraero, vinculada ao Ministério da Defesa, é responsável pela administração de todos os aeroportos do país.
A FAB (Força Aérea Brasileira), responsável pelo controle do tráfego, nega problemas dos radares ou falhas dos operadores, embora não confirme oficialmente os detalhes da investigação sobre o acidente, ocorrido no último dia 29.
Uma das poucas informações confirmadas até o momento só levanta mais dúvidas. O Boeing da Gol voava a 37 mil pés de Manaus a Brasília seguindo seu plano de vôo quando colidiu com o jato executivo Legacy, da Embraer, que ia em sentido contrário na mesma altitude.
Mas o plano de vôo do Legacy previa que ele primeiramente descesse dos 37 mil pés em que vinha de São José dos Campos para 36 mil e depois, cerca de 400 km antes do local da colisão, passasse para 38 mil pés.
A aerovia, uma espécie de estrada virtual, também estabelece as altitudes "ímpares" (37 mil, 39 mil) para aviões num sentido e as "pares" (36 mil, 38 mil) para outros. Antes dos radares, apenas esta regra servia para evitar acidentes, segundo o brigadeiro. "A Amazônia funcionou durante décadas com esse mesmo tipo de tráfego e nunca ninguém bateu."
Discernimento
Indiretamente, Pereira criticou a atitude dos pilotos do Legacy que se mantiveram na "contramão".
"Também é uma questão de discernimento do piloto. Se está numa altitude diferente, sem rádio, sem contato, "ai meu Deus", sai do eixo da aerovia, retoma a altitude e volta para o eixo para evitar acidentes. Isso aprendi quando tinha 17 anos."
Os pilotos alegam que não tiveram contato com o controle em Brasília e, por isso, mantiveram sua rota e altitude, alegando que, para fazer uma mudança, precisariam de autorização de terra.
O problema é que o procedimento, no caso de falta de contato, é justamente seguir seu plano de vôo original -no caso, permanecer nas faixas pares da aerovia. A versão no centro de controle é outra: o contato foi tentado por rádio, mas não houve sucesso.
Segundo o brigadeiro, é preciso aguardar o fim das investigações sobre o acidente antes de tirar conclusões.
Falando em tese, o presidente da Infraero disse que quando um piloto "perde" o rádio deve incluir um código no transponder do avião ou usar uma outra aeronave que esteja voando perto para fazer uma ponte com o controle em terra.
Ele também afirmou que seria um risco determinar que o piloto do avião da Gol mudasse de rota, diante do desaparecimento dos sinais do Legacy. Segundo ele, como os radares não estavam captando a posição do Legacy, não havia como dizer onde o Boeing deveria se posicionar. "A lógica normal em aviação diz: não mexa naquele que está correto, ou você estará agravando o problema."
Pereira ressaltou que é necessário cruzar dados das caixas-pretas com os registros de radar em terra. "É prematuro [dizer que não há culpa do controle]. Tem que ter todos os dados. Não só as caixas, mas também contextualizar com as gravações de terra, com as imagens de radar, com o depoimento dos pilotos que sobreviveram. É prematuro acusar ou defender qualquer pessoa", afirmou.
A Infraero, vinculada ao Ministério da Defesa, é responsável pela administração de todos os aeroportos do país.
A FAB (Força Aérea Brasileira), responsável pelo controle do tráfego, nega problemas dos radares ou falhas dos operadores, embora não confirme oficialmente os detalhes da investigação sobre o acidente, ocorrido no último dia 29.
Uma das poucas informações confirmadas até o momento só levanta mais dúvidas. O Boeing da Gol voava a 37 mil pés de Manaus a Brasília seguindo seu plano de vôo quando colidiu com o jato executivo Legacy, da Embraer, que ia em sentido contrário na mesma altitude.
Mas o plano de vôo do Legacy previa que ele primeiramente descesse dos 37 mil pés em que vinha de São José dos Campos para 36 mil e depois, cerca de 400 km antes do local da colisão, passasse para 38 mil pés.
A aerovia, uma espécie de estrada virtual, também estabelece as altitudes "ímpares" (37 mil, 39 mil) para aviões num sentido e as "pares" (36 mil, 38 mil) para outros. Antes dos radares, apenas esta regra servia para evitar acidentes, segundo o brigadeiro. "A Amazônia funcionou durante décadas com esse mesmo tipo de tráfego e nunca ninguém bateu."
Discernimento
Indiretamente, Pereira criticou a atitude dos pilotos do Legacy que se mantiveram na "contramão".
"Também é uma questão de discernimento do piloto. Se está numa altitude diferente, sem rádio, sem contato, "ai meu Deus", sai do eixo da aerovia, retoma a altitude e volta para o eixo para evitar acidentes. Isso aprendi quando tinha 17 anos."
Os pilotos alegam que não tiveram contato com o controle em Brasília e, por isso, mantiveram sua rota e altitude, alegando que, para fazer uma mudança, precisariam de autorização de terra.
O problema é que o procedimento, no caso de falta de contato, é justamente seguir seu plano de vôo original -no caso, permanecer nas faixas pares da aerovia. A versão no centro de controle é outra: o contato foi tentado por rádio, mas não houve sucesso.
Segundo o brigadeiro, é preciso aguardar o fim das investigações sobre o acidente antes de tirar conclusões.
Falando em tese, o presidente da Infraero disse que quando um piloto "perde" o rádio deve incluir um código no transponder do avião ou usar uma outra aeronave que esteja voando perto para fazer uma ponte com o controle em terra.
Ele também afirmou que seria um risco determinar que o piloto do avião da Gol mudasse de rota, diante do desaparecimento dos sinais do Legacy. Segundo ele, como os radares não estavam captando a posição do Legacy, não havia como dizer onde o Boeing deveria se posicionar. "A lógica normal em aviação diz: não mexa naquele que está correto, ou você estará agravando o problema."
Fonte:
Folha de S. Paulo
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/270265/visualizar/
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