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Internacional
Sexta - 06 de Outubro de 2006 às 15:04

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A estratégia de campanha para as eleições norte-americanas deste ano, de pintar a imagem de que os democratas são muito brandos em relação ao terrorismo, está sendo ofuscada pelo escândalo sexual no Congresso, colocando em xeque as esperanças dos republicanos de manterem a maioria na Câmara dos Deputados.

Analistas dizem que o "timing" do escândalo envolvendo um deputado republicano, um mês antes das eleições de 7 de novembro, pode prejudicar ainda mais o partido governista, já abalado devido à insatisfação popular com a guerra do Iraque.

"É realmente um problema sério para os republicanos neste momento", disse Merle Black, professor de Ciências Políticas da Universidade Emory, de Atlanta. "Não sabemos como isso vai terminar. Estamos a um mês da eleição. Mas neste momento, é um grande problema para a liderança republicana."

Depois de três meses de más notícias no Iraque, o presidente George W. Bush parecia estar se recuperando na época do quinto aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001.

Sua taxa de aprovação subiu e ele vinha insistindo que os republicanos são melhores que os democratas para combater o terrorismo, e que os Estados Unidos precisam concluir o trabalho que começaram no Iraque.

"Os democratas são o partido do cair fora. O nosso é o partido que tem uma visão clara e diz que vamos dar aos nossos comandantes e tropas o apoio necessário para obterem a vitória no Iraque", disse Bush na terça-feira na Califórnia.

Ele deve continuar martelando esse tema nas próximas semanas, mas neste momento o escândalo envolvendo o ex-deputado Mark Foley é o que domina o noticiário. O republicano Foley renunciou depois da revelação de que enviava emails de conteúdo sexual para estagiários adolescentes do Congresso.

O escândalo ofuscou até o lançamento de um livro do jornalista Bob Woodward sobre supostos erros e mentiras da Casa Branca na guerra do Iraque.

Em pânico, os republicanos temem perder o controle da Câmara e até do Senado. Os democratas precisam de mais 15 deputados, além da sua atual bancada, para terem maioria na Câmara pela primeira vez desde a derrota eleitoral de 1994.

As pesquisas ainda não permitem apontar o impacto do escândalo sobre a eleição, mas uma delas, divulgada na sexta-feira pela revista Time, mostrou que 80 por cento dos entrevistados estavam a par do caso Foley e que apenas 16 por cento aprovavam a forma como os republicanos lidaram com o assunto.

"O caso Foley está abafando qualquer outra mensagem de campanha," disse o estrategista republicano Scott Reed. "Os candidatos deveriam considerar a conveniência de retirar seus anúncios da televisão até que isso passe."

Ele comparou esta campanha à de 1974, quando o escândalo Watergate custou várias vagas parlamentares aos republicanos.

Por enquanto, Bush mantém o apoio ao presidente da Câmara, Dennis Hastert, apesar das suspeitas de que este teria sido negligente na investigação do caso. Mas é possível que a Casa Branca mude de estratégia se vierem à tona mais informações negativas sobre Hastert.

O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, evitou especular sobre as consequências eleitorais do escândalo. "Não sei, acho que quem chegar aqui tentando fazer grandes previsões sobre o que um fato significa para uma eleição a mais de um mês com absoluta certeza vai errar —e também vai ser culpado de cometer uma estupidez no palanque."

Whit Ayres, especialista do Partido Republicano em pesquisas, acha que a os discursos de Bush vão conseguir se sobrepor ao escândalo Foley. O presidente deve passar o mês de outubro viajando para ajudar os candidatos do seu partido pelo país.

"É altamente provável que as questões primárias desta eleição ressurjam ao longo das próximas quatro semanas", afirmou Ayres, para quem o combate ao terrorismo "toca a todos".

"O medo de um ataque terrorista está logo abaixo da superfície para a maioria dos norte-americanos."





Fonte: EFE

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