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Internacional
Sexta - 06 de Outubro de 2006 às 09:44

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As autoridades enviadas a Huanuni, onde dois setores de mineiros que disputam uma jazida de estanho se enfrentaram nesta quinta-feira, não conseguiram consolidar o acordo para o fim das hostilidades assinado na noite de ontem, e continuam as detonações de dinamite, informou nesta sexta-feira o defensor público da Bolívia, Waldo Albarracín.

"Não há consenso, há posições muito divergentes[...] e a dinamite continua sendo detonada", disse Albarracín ao amanhecer desta sexta-feira em contato feito a partir de Huanuni com a imprensa de La Paz. Acrescentou, entretanto, que não houve novos mortos durante a noite.

As últimas informações oficiais apontam que, na quinta-feira, 11 pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas em Huanuni, povoado do departamento (estado) de Oruro, localizado na Cordilheira dos Andes, 288 quilômetros ao sudoeste de La Paz. No entanto, alguns meios de comunicação bolivianos falam em até 14 mortos e cem feridos.

"Pedimos a compreensão da população, mas é muito difícil. Tomara que as duas partes possam se acalmar", acrescentou o defensor público, que viajou à área do conflito com o presidente da Assembléia Permanente de Direitos Humanos da Bolívia, Guillermo Vilela.

Canais de televisão de La Paz denunciaram que unidades do Exército participaram do confronto e dispararam armas de fogo, apesar de o governo ter anunciado na quinta-feira que tinha ordenado a retirada das unidades policiais e militares da região.

Santos Ramírez, dirigente de um dos setores em confronto pela maior mina de estanho da Bolívia, os cooperativistas, denunciou nesta sexta-feira a meios de comunicação locais que os seis mortos do grupo apresentam sinais de tiros.

O outro setor é integrado pelos operários assalariados e sindicalizados da empresa estatal Corporación Minera de Bolivia (Comibol).

Albarracín tinha anunciado na quinta-feira à noite um acordo entre as duas partes, ambas partidárias do presidente Evo Morales, embora os assalariados sejam cada vez mais críticos do governo, para dar um fim aos confrontos violentos.

"Garantamos que a partir deste momento Huanuni viva em tranqüilidade. Se garantirmos isso, de que não vai haver nem mais uma bala, nenhum morto, nenhum choque, nada de violência, (encontrar soluções definitivas à disputa) vai a ser mais fácil", disse na quinta-feira à noite o defensor público.

Os ministros da Presidência, Juan Ramón Quintana, e do Trabalho, Alex Galvez, viajaram em helicóptero nesta quinta-feira à área de conflito para tentar pacificá-la primeiro e solucionar o conflito de base depois.

O vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, assegurou na quinta-feira em entrevista coletiva em La Paz que os dois setores "atuaram violentamente" pela "cobiça" de controlar as ricas jazidas de estanho da região, que se transformaram em uma "maldição".

García Linera negou as acusações dos líderes operários e políticos de que o governo de Morales é culpado pela situação por não resolver a tempo o conflito, apesar das advertências sobre a explosão de violência.

O vice-presidente assegurou que Huanuni não será militarizada, como pedem os empregados da Comibol, porque seria "jogar gasolina no fogo".

O confronto começou na manhã de quinta-feira, ao fim de uma assembléia com centenas de mineiros de cooperativas da região, que decidiram ocupar a mina à força.

Como os mineiros assalariados se entrincheiraram em seu acampamento, os cooperativistas iniciaram um cerco que culminou em ataques com dinamite de ambos os lados, segundo relatos de operários, vizinhos e jornalistas.

O líder da Central Operária Boliviana (COB), Pedro Montes, responsabilizou o governo pela violência e anunciou para esta sexta-feira uma reunião da direção sindical nacional para adotar medidas, entre as quais não se descartou uma greve geral.

Montes, mineiro assalariado, censurou tanto Morales quanto García Linera por não resolverem a tempo as divergências entre os dois setores operários.

O sindicalista atacou também o ministro de Mineração, Wálter Villarroel, ex-presidente da Federação Nacional de Cooperativistas Mineiros acusado de parcialidade e de incapacidade de resolver o conflito, pedindo sua renúncia.





Fonte: EFE

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