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Sexta - 06 de Outubro de 2006 às 09:22

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Quase uma semana depois do pior acidente da história da aviação brasileira, que matou 154 pessoas, as investigações sobre a causa da tragédia continuavam apontando para a hipótese de que o jato comercial, que se chocou com um avião da Gol, desrespeitou seu plano de vôo.

Em Brasília, o Instituto Médico Legal já descobriu a identidade das primeiras vítimas da tragédia e, no local do acidente, equipes de militares continuam as operações de busca e resgate dos corpos.

Inspeções realizadas pela Aeronáutica não identificaram, até o momento, falhas nos equipamentos de controle aéreo da região do acidente e o diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), tenente-brigadeiro Paulo Roberto Cardoso Vilarinho, disse que os controladores em solo tentaram, sem sucesso, contato com os pilotos do jato antes do acidente.

O vôo 1907 da Gol caiu na última sexta-feira no norte do Mato Grosso após se chocar com um jato executivo Legacy, de fabricação da Embraer . Não houve sobreviventes no Boeing da Gol, enquanto os ocupantes do Legacy conseguiram pousar com segurança numa base aérea no sul do Pará.

Na quinta-feira, a Gol informou que houve um erro na elaboração da lista de passageiros do vôo, que fazia a rota Manaus-Rio de Janeiro, com escala em Brasília, o que reduz o número de mortos para 154, e não 155 como havia sido informado inicialmente.

"Toda a visualização e comunicação estão gravadas. Ainda falta realizar um vôo, mas até agora não identificamos nenhuma falha de equipamento nossa", disse Vilarinho, que confirmou que o Legacy voava na mesma altitude reservada ao Boeing da Gol.

"Realmente os dois estavam no nível 370 (37 mil pés). O Legacy não deveria estar a 37 mil." Ele disse que os controladores tentaram entrar em contato com a tripulação do Legacy por sete vezes, sem obter resposta.

Sobre as investigações em torno das causas do acidente, ficou decidido, após uma reunião entre autoridades federais e do Mato Grosso, que os inquéritos da Polícia Federal e da Polícia Civil do Estado seguirão em paralelo até que a Justiça decida quem tem a competência sobre o caso.

Apesar das informações da Aeronáutica de que não foram descobertas falhas no controle aéreo, o delegado que acompanha o caso pela polícia matogrossense, Luciano Inácio, disse que os pilotos do Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, afirmaram em depoimento que perderam contato com o controle de tráfego aéreo de Brasília.

"No depoimento, eles (pilotos) disseram que por um momento a aeronave perdeu contato antes do choque, que foi perdida a comunicação com o centro de controle", disse o delegado.

A empresa norte-americana de fretamento ExcelAire, que acabara de comprar o Legacy, divulgou nota na noite de quinta, na qual expressa pesar pelas vítimas do acidente e afirma que "qualquer especulação sobre causas e responsabilidades é prematura" no momento.

"A ExcelAire confia na competência de todas as autoridades envolvidas na apuração da causa do acidente e acredita que a conclusão das investigações demonstrará a falsidade dos rumores e especulações contra seus pilotos", afirma a nota.

BUSCAS E HOMENAGENS

O Instituto Médico Legal de Brasília identificou, na quinta-feira, os primeiros nove corpos de vítimas do acidente, o pior da história da aviação brasileira.

"As providências ficam a critério das famílias das vítimas (...), que já foram avisadas", disse uma funcionária do serviço de comunicação da Polícia Civil do Distrito Federal.

A Gol se comprometeu a fazer o translado dos corpos das vítimas.

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que as equipes de busca que estão na região do acidente embarcaram cerca de 20 corpos na noite de quinta, com destino a Brasília, para serem identificados pelo IML local.

Além disso, mais restos mortais foram retirados da área onde estão os destroços e levados para uma fazenda próxima, onde a Aeronáutica montou o quartel-general das operações. Os dois motores do Boeing 737-800 também foram achados.

Já nos aeroportos, a Gol realizou uma homenagem a todas as vítimas do acidente com 1 minuto de silêncio em todos os locais onde opera no país.

No aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, funcionários da Gol, de mãos dadas, pararam às 17h. Funcionários de outras companhias aéreas e passageiros também pararam e, ao final, aplaudiram.

Na fazenda que virou quartel-general das operações de buscas dos corpos, os mortos foram homenageados no mesmo horário, também com 1 minuto de silêncio. "Nesses 60 segundos, não houve som dos motores das aeronaves. O momento foi de reflexão e homenagem", informou a FAB.

A Aeronáutica acrescentou que na sexta-feira, quando o acidente completa uma semana, helicópteros da corporação jogarão 154 botões de rosa sobre a área onde estão os destroços, a pedido das famílias das vítimas.





Fonte: Midia News

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