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Internacional
Sexta - 06 de Outubro de 2006 às 07:28

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A declaração do ex-ministro do Exterior do Reino Unido e atual líder da Câmara dos Comuns, Jack Straw, convidando as mulheres muçulmanas do país a tirar os véus que cobrem seus rostos, levantou uma grande polêmica.

Straw, deputado pela circunscrição de Blackburn, que tem 30% de muçulmanos, disse nesta quinta-feira que o véu representa uma "afirmação visível de separação". Isso irritou muitos setores da população islâmica, além de provocar críticas de outros políticos. A oposição conservadora afirmou que é "perigoso" dizer ao povo como se vestir.

Em artigo publicado no jornal The Lancashire Evening Telegraph, Straw escreveu que usar o véu "dificulta o estabelecimento de relações positivas entre as duas comunidades".

O fato de ver a boca e o nariz permite saber "o que realmente a outra pessoa quer dizer", argumentou Straw.

Segundo o político trabalhista, quando pedia a uma cidadã muçulmana que tirasse o véu em seu escritório, verificava sempre se havia alguma outra colega presente. Até o momento, garantiu, todas as muçulmanas com quem falou tinham atendido ao pedido.

Líderes da comunidade muçulmana criticaram imediatamente suas palavras. Eles se queixaram de uma série de declarações de membros do governo contra o multiculturalismo.

Outro caso citado foi o da ministra para as Comunidades, Ruth Kelly. Ao lançar a Comissão sobre Integração e Coesão, ela perguntou recentemente se o multiculturalismo não estava provocando mais Segregação.

No congresso trabalhista, semana passada, em Manchester, o atual ministro do Interior, John Reid, insistiu que o país não se deixaria intimidar por "fanáticos" muçulmanos, e disse que não toleraria que bairros de maioria muçulmana vetassem a presença de quem não compartilhe a sua fé.

Vários dirigentes muçulmanos acusam o governo de Tony Blair de desestabilizar as já precárias relações entre as comunidades.

Reefat Drabu, presidente do Conselho Islâmico para o comitê de assuntos sociais e familiares de Grã-Bretanha, acusou Straw de exacerbar as tensões já existentes.

"Primeiro foi Reid, agora Jack Straw. Isto vai causar um dano enorme à comunidade muçulmana. De novo este governo nos singulariza para dizer que somos um problema. As mulheres têm direito de usar o véu", disse Drabu.

O presidente da Comissão Islâmica de Direitos Humanos, Massoud Shadjareh, considerou "repugnantes" os comentários de Straw. "Ele se atreveria a dizer aos judeus que vivem no bairro de Stamford Hill que não deveriam vestir-se como ortodoxos?", perguntou.

As palavras de Straw foram criticadas além disso pelo político conservador Oliver Letwin, que criticou a "doutrina perigosa" de dizer às pessoas como devem se vestir.

Straw recebeu, no entanto, o apoio de uma muçulmana da Câmara dos Lordes. A baronesa Pola Manzila Uddin disse que o ex-ministro "tem direito de levantar o tema e as pessoas têm igualmente o direito de Discordar".

"Acho que a comunidade muçulmana tem que discutir o assunto de uma vez", afirmou Uddin, que é de origem bengali.





Fonte: EFE

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