Filha de Che Guevara defende união contra os EUA

A segunda filha do guerrilheiro Ernesto Che Guevara, Aleida Guevara March, defendeu hoje em La Paz a união da América Latina frente aos Estados Unidos, que chamou de inimigo comum, a poucos dias dos atos que lembrarão os 39 anos da morte de seu pai, na Bolívia.

Guevara March, de 45 anos, deu uma entrevista coletiva no Parlamento junto a legisladores do Movimento Ao Socialismo (MAS) e ao embaixador cubano Rafael Dausá, na qual pediu aos EUA que libertem cinco agentes cubanos detidos em 1998 por espionagem.

"Há muitos anos sabemos que o inimigo comum de nossos povos é o Governo dos Estados Unidos. Infelizmente, após o fim da colonização espanhola, nos transformamos em seu quintal", afirmou.

Guevara March afirmou que a união latino-americana é a única saída para resolver os problemas regionais do continente, como a disputa territorial existente entre Bolívia e Chile.

"Há muitas coisas na América Latina pelas quais lutar neste momento. Os povos têm que se unir para poder seguir adiante. Depois que tivermos o poder real, vamos poder discutir muitas coisas e nos ajudar mutuamente, sem necessidade de brigarmos", disse Guevara.

March também defendeu a decisão do presidente Evo Morales de nacionalizar os hidrocarbonetos da Bolívia, pois permite ao país ser dono, pela primeira vez, de seus recursos naturais.

"Esta é uma atitude que deveria ser seguida por outros países", afirmou.

Morales e Guevara March participarão no próximo domingo de atos na remota região de La Higuera, no sudeste da Bolívia, em homenagem a Che Guevara, executado pelo Exército boliviano em 9 de outubro de 1967, quando tentava criar um foco guerrilheiro no país.

As Forças Armadas organizarão um ato paralelo, na cidade de Camiri, para homenagear os combatentes bolivianos que derrotaram a guerrilha. O presidente Evo Morales foi convidado para o ato, mas ainda não confirmou sua presença no evento.