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Economia
Quinta - 05 de Outubro de 2006 às 10:14

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A área plantada com cana-de-açúcar para a indústria processadora no Brasil deve saltar de pouco pais de 6 milhões de hectares para 12,2 milhões de hectares na safra 2015/2016. Essa área será capaz de produzir 902,8 milhões de toneladas de cana para usinas e destilarias, o dobro da produção atual.

O crescimento se dará pela "febre" de demanda pelo álcool, com a previsão de produção de 36 bilhões de litros e de 90 novas usinas e destilarias construídas até 2015 no País. Os dados fazem parte do estudo divulgado pelo pesquisador Sérgio Alves Torquato, do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. O Brasil deve responder este ano por uma produção de 17 bilhões de litros de álcool, ou 35,4% dos 48 bilhões de litros previstos para serem produzidos de etanol para o consumo carburante e industrial.

De acordo com o pesquisador, para estimar o crescimento da área e da produção de cana-de-açúcar, foram utilizadas variáveis como preço e demanda de açúcar e álcool nos mercados interno e externo, preço da terra, e ainda produtividades da cultura e dos processos industriais.

Tecnologias - O desenvolvimento de tecnologias emergentes, como a produção de álcool a partir do uso da palha e do bagaço, pode alterar para baixo a estimativa de expansão da área de cana para indústria. Outra variável que precisa ser avaliada, de acordo com Torquato, é a disponibilidade de mão-de-obra e a capacidade do setor metal-mecânico de fornecer máquinas colhedoras próprias para a cana-de-açúcar.

Torquato alerta, no entanto, que outros fatores podem frear as expectativas de crescimento no Brasil. Ele lista o atraso na implantação de programas de uso de etanol e barreiras protecionistas em países da Europa; barreiras econômicas para a entrada do álcool nos Estados Unidos, como argumento de proteção aos seus produtores; o preço e a demanda por açúcar no mercado internacional.

Ele cita ainda outros problemas pontuais que podem ocorrer ao longo do tempo, tais como superprodução, que gera queda nos preços; queda abrupta no preço do petróleo, a qual o pesquisador considera pouco provável; e novas tecnologias para produção de combustíveis verdes.

Aumento da área - "O mais provável, segundo o cenário atual, é a concretização da expansão da área canavieira no Brasil, devido à avidez dos mercados de Estados Unidos, Japão e Europa por biocombustíveis. A expansão se dará de forma contínua e linear nos próximos anos, visto que, da agregação da terra até sua produção, são decorridos pouco mais de dois anos", informa Torquato. "O que vai prevalecer, no entanto, é a necessidade de substituição das fontes fósseis por outras mais limpas e renováveis.

Nesse sentido, o álcool está no topo dessa lista", completa. Com a expansão da cana-de-açúcar para as novas fronteiras, o Estado de São Paulo, que responde por 60,7% da área total de cana-de-açúcar para indústria no Brasil, deve perder participação para 54,9% em 2015/2016.

Preço - Além da alta disponibilidade de terras, nas outras regiões ela é mais barata. Torquato avalia que o crescimento da fronteira canavieira, principalmente para o Centro-Oeste, para melhorar a logística de escoamento da produção. Exemplo disso seria a possível construção pela Transpetro de dutos que interligariam Senador Canedo (GO) a Paulínia (SP) até os portos de Santos (SP), São Vicente (SP) ou ainda o terminal de Guararema (SP).

"Para atender à crescente demanda por etanol, a produção anual de São Paulo, que é atualmente o maior produtor e consumidor desse combustível, deverá ter um acréscimo de 71,5% nos próximos dez anos", informa o pesquisador do IEA. Por fim, Torquato aconselha que a liderança do Brasil como principal fornecedor de biocombustíveis precisa de planejamento da produção no longo prazo, de políticas públicas de regulação do abastecimento interno e das exportações e da consolidação do mercado futuro por meio da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).





Fonte: Olhar Direto

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