México acobertou estupro de manifestante por policiais-Anistia
O grupo de defesa dos direitos humanos entrevistou mulheres que afirmaram ter sofrido abusos sexuais por parte dos policiais quando foram presas nos protestos de floricultores na cidade de San Salvador Atenco.
A Anistia quer que a Justiça Federal mexicana assuma a investigação dos abusos, alegando que as autoridades estaduais vêm ignorando as denúncias e que houve alguns casos de acobertamento.
"Esses crimes são atos de tortura segundo as leis internacionais, e as autoridades precisam garantir que os responsáveis sejam punidos", disse Kerrie Howard, vice-diretor do Programa das Américas da entidade.
"Já passou a hora de a procuradoria federal para crimes contra a mulher assumir", disse ele.
O México tem um longo histórico de violência policial e impunidade na violação dos direitos humanos.
Quando assumiu o poder, em 2000, encerrando um ciclo unipartidário de 71 anos, o presidente Vicente Fox prometeu eliminar essa reputação, mas recebeu críticas num relatório recente da Human Rights Watch por não ter cumprido a promessa.
Nos protestos de San Salvador Atenco, onde houve um violento confronto entre manifestantes e policiais, dois manifestantes morreram e vários policiais foram espancados ou tomados como reféns.
O incidente mais grave aconteceu quando a polícia invadiu a praça da cidade no segundo dia de protesto, disse a Anistia. Mais de 200 pessoas foram presas, e várias foram agredidas.
As mulheres afirmam que receberam socos e chutes e que tiveram os órgãos sexuais manipulados nos caminhões que as levavam para a prisão. Algumas disseram ter sido estupradas ou obrigadas a fazer sexo oral nos agentes.
O governador do Estado do México, Enrique Pena, já disse que as denúncias de abuso foram uma tática usada por "grupos subversivos" para abalar a credibilidade de seu governo. Ele afirmou que só poderia haver investigações se houvesse denúncias formais.
De acordo com a Anistia, o governo estadual impediu as mulheres de fornecer provas, por intimidação ou recusando-se a registrar a denúncia, e desde então não investigou mais as alegações.
Uma mulher contou à Anistia que um funcionário da polícia arrancou o papel da máquina de escrever quando ela começou a falar do estupro.
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