Delegado da PF vai ouvir pilotos do Legacy e controladores de vôo

O delegado Renato Sayão, designado pela Polícia Federal de Mato Grosso para apurar o inédito inquérito da queda do boeing 737-800 da Gol, vai ouvir os controladores de vôo de Brasília e de Manaus, que estavam de serviço no dia 29, o piloto e o co-piloto do jato Legacy e requerer os planos de vôo das duas aeronaves, além de retomar todos os procedimentos que julgar necessários para elucidar o trágico acidente, no qual 155 pessoas morreram.

O anúncio foi feito pelo próprio Sayão em coletiva concedida agora há pouco na Superintendência da Polícia Federal, em Cuiabá. O inquérito, aberto a pedido do procurador do Ministério Público Federal, Mario Lucio Avelar, tem o número 670/2006. Ele também disse que solicitará apoio da Coordenação de Aviação Operacional (Caop) e do Instituto Nacional de Criminalística na tentativa de esclarer o caso mais rápido possível.

Sayão vai requerer todos os procedimentos já realizados pelo Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e o Departamento de Aviação Civil (DAC) para requerer laudos e documentos pertinentes ao caso. Outra medida, segundo ele, será a retenção dos passaportes do piloto e do co-piloto do Legacy por tempo indeterminado.

Os passaportes do piloto Joseph Lepore e do co-piloto Jan Palladino foram apreendidos ontem, pela Polícia Federal do Rio de Janeiro, em cumprimento ao mandado de busca e apreensão expedido pelo Ministério Público Estadual de Mato Grosso e acolhido pelo juiz Tiago Souza Nogueira de Abreu, da Comarca de Peixoto de Azevedo. Ele ressaltou, ao justificar a retenção interminada dos passaportes, que, caso os dois sejam culpados e estiverem nos Estados Unidos, dificilmente serão punidos.

O delegado ressaltou ainda, na coletiva, que "o Código Penal não faz distinção entre brasileiros e estrangeiros" e pode enquadrar Lepore e Palladino no artigo 109, que estabelece normas e fixa penas para os crimes cometidos a bordo de aeronaves.