Turco que sequestrou avião agiu sozinho e estava desarmado
Os 107 passageiros e seis tripulantes a bordo do Boeing 737 saíram ilesos do sequestro, que acabou com a prisão do homem no aeroporto de Brindisi, no sul da Itália. O turco Hakan Ekinci, de 27 anos, pediu asilo político na Itália.
"O peculiar nesse sequestro foi que ele foi executado por um homem sozinho e desarmado", disse Amato ao Senado italiano na quarta-feira.
Durante o incidente, o piloto afirmou que havia dois sequestradores, e o Ministério da Defesa turco disse que poderia haver quatro ou cinco deles. Mas, depois que o avião pousou e que Ekinci se entregou, todos os passageiros foram verificados e ficou demonstrado que ele agira sozinho.
A TV turca chegou a citar fontes policiais que diziam que o sequestro do avião era um protesto contra a viagem do papa Bento 16 à Turquia, prevista para novembro. O papa ofendeu muitos muçulmanos no mês passado com um discurso em que vinculou a disseminação da fé islâmica à violência.
Mas depois se descobriu que o sequestrador é um católico convertido que queria escapar do serviço militar na Turquia, e que tinha escrito para o papa há vários meses pedindo ajuda para não ter de servir num "exército muçulmano".
Um funcionário do Vaticano disse que o sequestro não deve alterar os planos de viagem do papa.
Amato disse que Ekinci viajou para a Albânia em maio e pediu asilo lá, pois se considerava desertor do exército turco, e achava que seria punido se voltasse para casa.
A Albânia rejeitou o pedido de asilo e o expulsou do país. Era por isso que ele estava no vôo da Turkish Airlines de Tirana para Istambul.
Ekinci entrou na cabine de comando quando uma comissária de bordo deixou a porta aberta, pouco depois da decolagem, disse Amato.
O ministro disse ter recebido duas versões sobre o que Ekinci teria dito para o piloto. Ou ele disse ao piloto que ia se explodir ou que tinha cúmplices a bordo que se explodiriam se o comandante não cumprisse suas ordens.
Quando o piloto transmitiu um código que alerta o controle de tráfego aéreo para situações de emergência, Ekinci disse a ele que usasse o código específico para indicar sequestros. "O piloto disse que o homem conhecia os procedimentos e o significado dos códigos, e disse ter aprendido na Internet", disse Amato ao Senado. "Não sei quantos de vocês saberiam disso, eu certamente não saberia."
De acordo com os passageiros, depois de 20 minutos de vôo o piloto anunciou que havia uma falha técnica no aeroporto de Istambul e que o avião teria de aterrissar na Itália.
"Mas, quando vimos soldados italianos no aeroporto, compreendemos a situação. O avião havia sido sequestrado. Houve pânico entre os passageiros", contou Ergun Erkoseoglu, passageiro do vôo, numa entrevista coletiva no aeroporto de Istambul.
"Depois do final do incidente ele (o sequestrador) disse: ''Peço desculpas a todos. Boa noite''."
No Vaticano, o cardeal Pio Laghi disse que o sequestro causou preocupação "não só por causa do risco de derramamento de sangue, mas também porque outras pessoas podem copiar esse ato de violência".
"Mas não acho que esse episódio tenha alguma influência na viagem do Santo Padre", disse ele a repórteres.
Amato disse que, embora o sequestro tenha evidenciado a "fragilidade" da segurança do vôo em questão, ele não fez com que haja mais preocupação com a segurança da viagem do papa à Turquia.
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