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Internacional
Terça - 03 de Outubro de 2006 às 09:37

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Integrantes do Fatah, movimento palestino mais moderado, ameaçaram na terça-feira matar os líderes do grupo militante Hamas, que domina o governo, agravando ainda mais as maiores disputas internas em Gaza e na Cisjordânia desde a criação da Autoridade Palestina, em 1994.

A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, viajou à região e fez um apelo pelo fim da violência, que coincide com o aumento das pressões por parte dos aliados árabes de Washington para que o processo de paz entre israelenses e palestinos seja retomado.

Em dois dias de confrontos entre o Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, e o Hamas, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, 12 palestinos morreram e mais de cem ficaram feridos.

As Brigadas dos Mártires Al-Aqsa, um braço armado do Fatah, disseram que consideram responsáveis pelas mortes o líder político do Hamas Khaled Meshaal, que mora em Damasco, o ministro do Interior, Saeed Seyam, e Youssef al-Zahar, funcionário graduado do Ministério do Interior.

"Nós na Al-Aqsa anunciamos, com toda bravura e franqueza, o veredicto do povo em nossa terra natal e na diáspora, a execução da chefia das provocações, Khaled Meshaal, Saeed Seyam e Youssef al-Zahar, e vamos executar esse veredicto para que essa gente suja sirva de exemplo", disse um comunicado.

Abbas está no meio de uma disputa de poder cada vez mais acirrada com o premiê Ismail Haniyeh, do Hamas, que teve início com a tentativa de criar um governo de unidade nacional.

"Palestinos inocentes estão sendo atingidos pelo fogo cruzado, e pedimos a todos os lados que parem com isso", disse Rice em Jidá, na Arábia Saudita.

A secretária prosseguirá com a viagem visitando Egito, Israel e os territórios palestinos. Ela disse que os palestinos precisam de um governo comprometido com as diretrizes já existentes para as negociações de paz, incluindo o reconhecimento de Israel e a renúncia à violência.

O Hamas, que trabalha abertamente pela destruição de Israel, foi o vencedor das eleições de janeiro. Desde que o grupo tomou posse do governo, a comunidade internacional interrompeu a ajuda financeira que dava aos palestinos, causando uma grave crise econômica na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

O parlamentar do Hamas Mushir al-Masri respondeu à ameaça de morte das Brigadas dos Mártires Al-Aqsa dizendo que o Fatah está "pondo lenha na fogueira" do conflito entre os movimentos rivais. Segundo ele, o Hamas "não terá misericórdia" se algum de seus líderes for atingido por quem ele chamou de "os líderes do golpe interno".

Um representante das brigadas disse que a ameaça é uma "resposta natural" à decisão de Seyam de mandar suas forças para as ruas de Gaza no domingo para enfrentar os policiais em greve que protestavam contra o atraso no pagamento dos salários.

Os salários estão atrasados porque o governo liderado pelo Hamas não tem dinheiro para pagá-los, devido ao embargo do Ocidente, que exige que o grupo militante reconheça Israel, renuncie à violência e aceite os acordos interinos de paz.

Alguns líderes do Fatah acusaram a Síria de incentivar o Hamas a resistir às pressões internacionais.

Um assessor de Abbas disse na segunda-feira que o presidente estava considerando a possibilidade de formar um governo de emergência composto de tecnocratas e de convocar eleições antecipadas.

Num outro incidente, na terça-feira, um bombardeio aéreo israelense destruiu uma casa de fundição no sul da Faixa de Gaza, matando um palestino e ferindo outro. Um porta-voz do Exército disse que o ataque foi contra um local suspeito de ser uma fábrica de armamentos.





Fonte: Reuters

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