Cameron enfrenta resistência para renovar conservadores

O novo líder dos conservadores britânicos, David Cameron, encontrou nesta segunda-feira uma forte resistência às suas tentativas de renovar o partido e levá-lo para o centro, no segundo dia do congresso tory em Bournemouth, estação balneária do sul da Inglaterra.

Pedindo sobretudo cortes de impostos, vários grupos que se situam à direita deste partido se insurgiram nesta segunda-feira contra Cameron, que assumiu a liderança conservadora há um ano.

Um dos dirigentes econômicos dos conservadores, John Redwood, que foi ministro de Margaret Thatcher - que governou a Grã-Bretanha entre 1979 e 1990 -, lançou nesta segunda-feira um panfleto intitulado "Em defesa de impostos mais baixos", o qual recebeu o apoio de centenas de delegados.

"Se o partido conservador não promete um corte de impostos, então não significa nada. Isso é o que os partidos conservadores têm feito através da história", afirmou nesta segunda-feira um influente delegado tory, Edward Leigh, que preside a comissão de contas públicas do partido.

Ele advertiu que pelo menos uma centena de deputados conservadores quer que Cameron, deputado de 39 anos, se comprometa neste congresso, que termina na quarta-feira, a reduzir os impostos.

Segundo Leigh, é essencial que os tories se comprometam a baixar os impostos. "Senão, não haverá qualquer possibilidade de que sejam eleitos".

Cameron, que se esforça desde o fim de 2005 para dar uma nova imagem a seu partido, o qual foi destronado pelo novo trabalhismo de Tony Blair, sempre se recusou a se comprometer com um corte de impostos e afirma que sua prioridade é a "estabilidade econômica".

Em seu discurso neste domingo, na abertura do congresso do partido, Cameron insistiu que os britânicos estão menos preocupados com a diminuição dos impostos ou temas como Europa do que com assuntos da vida cotidiana, como a polícia, a segurança pública, escolas e a ecologia.

Mas nesta segunda-feira muitos integrantes de seu partido afirmaram que isso não é certo e que para os tories continua sendo uma prioridade o que foi um dos principais cavalos de batalha de Thatcher: a diminuição de impostos.

Por ora, Cameron resiste às pressões, tentando ressaltar as novas propostas para o partido, as quais resume sob o termo de responsabilidade social, que contrapõe à responsabilidade estatal que atribui ao governante partido trabalhista.