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Segunda - 02 de Outubro de 2006 às 14:41

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Os destaques estrangeiros são poucos, mas significativos. Enquanto a Pinacoteca abre espaço para a obra do argentino León Ferrari, trazendo 120 obras produzidas por ele desde a década de 50, Sesc Pinheiros exibe o trabalho de Marina Abramovic, um dos principais nomes da produção contemporânea mundial. Pode-se dizer que ambos têm em comum um viés político e afirmativo e uma grande capacidade de causar polêmica.

Denunciando a hipocrisia da Igreja com obras de forte teor iconoclasta, explicitando os horrores do imperialismo belicista, Ferrari teve sua exposição fechada antecipadamente em Buenos Aires - retrospectiva que serve de base para a mostra atual - por causa de protestos de conservadores católicos.

Marina, por sua vez, costuma trabalhar com temas de grande impacto, chegando a colocar sua própria vida em risco. Nessa mostra brasileira ela mostra uma série de vídeos em recria rituais antigos realizados em sua terra, os Bálcãs, usando o poder dos órgãos sexuais como forma de fertilizar a terra, interromper a chuva, etc, associando tradição de um povo dilacerado por guerras fratricidas, erotismo e espiritualidade telúrica.

Museus As instituições museológicas, que no passado desenvolviam intensa programação paralela à Bienal, este ano comparecem em passo lento, dando mostras evidentes de que falta-lhes fôlego financeiro e curatorial. Apenas o MAM e a Pinacoteca têm conseguido distanciar-se deste marasmo, realizando nesse período-chave exposições que conseguem ser ao mesmo tempo atraentes para o público e conectadas com o espírito da Bienal.

O MAM está inclusive com uma dupla programação de peso. Em seu espaço tradicional, sob a marquise, ele expõe uma grande seleção de obras do período concretista. "Concreta 56, A Raiz da Forma", com curadoria de Lorenzo Mammì, busca reconstituir a célebre mostra ocorrida em 1956 e 1957 no Rio e em São Paulo marcando a entrada definitiva do construtivismo como linguagem por excelência da criação artística de vanguarda no País. A introdução desse repertório, da busca de uma arte de caráter utópico, que deixa para trás os modelos da representação clássica em busca das potencialidades transformadoras da forma abstrata e da produção industrial, está intimamente vinculada à Bienal. É ela quem introduz essas questões - até de forma um tanto tardia - no País, ao abrir suas portas em 1951.

A outra aposta do MAM é na divulgação e valorização do seu acervo, com um viés marcadamente contemporâneo. A mostra, com curadoria tríplice de Tadeu Chiarelli, Felipe Chaimovich e Cauê Alves, reúne na Oca - outro espaço nobre do Parque do Ibirapuera, um tanto em desuso depois da crise que culminou com a prisão de Cid Ferreira e o fim das atividades da BrasilConnects - 700 obras dentre as 4.500 peças da coleção (leia texto abaixo).

Já o Masp inaugura na terça-feira a primeira exposição organizada por seu novo curador, Teixeira Coelho: "A Arte como Crítica de Arte", que vai reunir 90 obras de arte moderna e contemporânea brasileira.





Fonte: Agência Estado

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