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Nacional
Segunda - 02 de Outubro de 2006 às 09:03

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No momento em que o Boeing 737-800 New Generation da Gol e o Legacy N600L, recém-comprado pela empresa ExcelAire Services da Embraer, se tocaram no ar, as aeronaves estavam mais rápidas do que um disparo efetuado por um revólver calibre 38, que tem média de 1.300 km/h, de acordo com o professor de tráfego aéreo Protógenes Pires, 71.

O acidente da última sexta-feira ocorreu a mais de 11 quilômetros de altura. Segundo o especialista, ex-professor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), quando as duas aeronaves se tocaram, ambas deveriam estar a uma velocidade média de 800 km/h, o que eleva para 1.600 km/h (ou seja, cerca de 300 km/h mais rápido do que o disparo de calibre 38) o provável momento da colisão entre o Boeing e o Legacy, que só teve pequenas partes da asa e da traseira danificadas.

"Voando nessa velocidade e numa altura tão grande, os pilotos, caso tenham tido a chance de ver algo, só avistaram um pontinho, mas isso é improvável. Eles nem devem ter visto o momento do encontro lá no ar", afirmou Pires.

Para o ex-professor do ITA, pela escassez de informações, ainda é muito difícil poder apontar as prováveis causas para o acidente entre as aeronaves, mas ele acredita ser pouco provável que alguma delas tenham apresentado problemas no TCAS (Traffic Alert and Collision Avoidance System), o sistema anticolisão de tráfego aéreo, que emite um alerta sonoro toda vez que outra aeronave é detectada em uma determinada rota ou aerovia.

Controle aéreo

O coronel Luís Roberto Lourenço, comandante da Base Aérea de São Paulo, disse ontem que os operadores de controle de tráfego aéreo são orientados a chamar a atenção dos pilotos imediatamente no caso de sumiço de dados de uma aeronave nos mapas. Ele afirmou que esse problema não é comum. "O território nacional é todo coberto por radar. O nível de segurança de vôo é muito alto."

No acidente da sexta, os registros do Legacy chegaram a desaparecer dos radares. Especialistas cogitam a possibilidade de falha ou desativação do transponder, aparelho que transmite as características instantâneas de cada avião (como rota, velocidade, altitude) e passa informações ao TCAS.

Lourenço afirmou que os pilotos têm de comunicar a torre sobre qualquer imprevisto. Mas ele evitou reprovar a atitude do comandante do Legacy, que não teria mantido contato imediato com os operadores após sentir um "leve choque".

"Cada caso pode exigir um tipo de comportamento, uma reação. Se naquele momento, a medida essencial for manter a aeronave controlada, ele vai ter que fazer isso. Se for essencial falar e dizer que precisa mudar de via, precisa descer, subir, fazer curva, ele vai falar no momento adequado. Em cada situação uma coisa se torna prioritária. O essencial de tudo é tentar manter um controle de vôo. É isso em primeiro lugar", afirmou Lourenço, ressalvando falar como profissional da aviação, com 30 anos de experiência, e não como representante da Aeronáutica, já que não está acompanhando de perto as investigações do acidente.

O fato de a aeronave maior ter perdido controle, e não a menor, após um eventual choque, segundo ele, não chega a ser motivo de espanto porque tudo depende, inclusive, do setor do avião que foi danificado. "Se realmente houve uma colisão, é claro que sempre haverá algum dano. Mas as duas aeronaves têm porte significativo não são pequenas", disse.

Lourenço cita entre as partes mais sensíveis do avião as asas e a parte traseira (no estabilizador horizontal, responsável pelo controle de subida e descida, e no leme de direção). "São os comandos principais de vôo, que mantêm a estabilidade."





Fonte: Folha de S. Paulo

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