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Internacional
Sexta - 29 de Setembro de 2006 às 10:00

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As eleições gerais do próximo domingo na Bósnia, marcadas pela retórica nacionalista, são cruciais para o futuro desta pequena antiga república iugoslava, etnicamente dividida e cuja tutela internacional será concluída em breve.

Estas eleições são decisivas porque os bósnios escolherão as pessoas que dirigirão sozinhas o país pela primeira vez desde o fim da guerra de 1992-1995. O cargo de Alto Representante da comunidade internacional, dotado de poderes intervencionistas, deve desaparecer em junho de 2007.

"A eleição marcará o início do caminho que a Bósnia deve seguir para entrar na Europa", declarou recentemente o alto representante Christian Schwarz-Schilling, em alusão ao acordo de estabilização e de associação que está sendo atualmente negociado com a União Européia (UE), primeira etapa no longo caminho da adesão.

A campanha eleitoral foi dominada por uma retórica nacionalista que respingou inclusive nos partidos considerados moderados, que não hesitaram em recorrer ao "discurso étnico".

"Aqui o nacionalismo é sempre a carta vencedora", afirmou Srdjan Dizdarevic, responsável pelo grupo bósnio do Comitê Helsinque para os Direitos Humanos.

"Tenta-se apregoar a homogeneização étnica e a atmosfera atual lembra a de antes da guerra", advertiu.

A "homogeneização étnica" é facilmente perceptível na Bósnia.

A Bósnia-Herzegovina está situada na península dos Balcãs, no sudeste da Europa, e divide-se administrativamente em duas entidades: a Federação da Bósnia-Herzegovina, de maioria croata-muçulmana, e a República Srpska, dos sérvios-bósnios, predominantemente cristãos.

Sua capital, Sarajevo, outrora uma cidade mista, está coberta com cartazes de partidos muçulmanos. Escritas no alfabeto cirílico, as mensagens eleitorais lembram que estamos na República Srpska (RS). Na Herzegovina, os partidos políticos croatas fazem questão de marcar as diferenças.

Nas duas entidades, as pesquisas sobre as intenções de voto dão mais possibilidades de vitória aos social-democratas do que aos nacionalistas sérvios e muçulmanos que dirigiram a Bósnia durante a guerra.

Mas social-democrata não significa obrigatoriamente moderado.

Com 35,1% das intenções de voto, muito à frente dos nacionalistas do Partido Democrático Sérvio (SDS), o Partido dos Social-Democratas independentes (SNSD, no poder na RS) fez campanha a favor de uma independência da Bósnia mediante referendo.

A convivência entre croatas e muçulmanos, unidos numa federação imposta pelos acordos de paz de Dayton (Estados Unidos), que encerraram a guerra em 1995, não deu frutos, quase 11 anos depois do final do conflito sangrento que causou mais de 200.000 vítimas.

"Aqui, é nossa casa", dizem os cartazes da coalizão das forças políticas croatas, cuja comunidade representa 10% da população.

Cerca de 2,7 milhões de eleitores devem votar para renovar as instituições centrais e regionais por um período de quatro anos.

Devem eleger os três membros da presidência colegial muçulmana, sérvia e croata, assim como os deputados do Parlamento central.

Também serão designados os deputados dos Parlamentos da Federação croata-muçulmana e da RS.

Os eleitores da RS nomearão o presidente e os vice-presidentes desta entidade. Já os eleitores da Federação croata-muçulmana votarão a composição das dez assembléias regionais, inexistentes na RS.





Fonte: AFP

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