Repórter News - reporternews.com.br
Polícia Brasil
Sexta - 29 de Setembro de 2006 às 09:02

    Imprimir


Um latrocida – bandido que mata para roubar – estava refugiado em Cuiabá fazia 14 anos. Aqui ele foi casado duas vezes. Hoje, às 6 horas, investigadores da Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP) o prenderam no bairro Barbado, em Cuiabá. O ontem assaltante, e o hoje mestre-de-obras Tarciso Marco Bonini, o “Chico”, de 33 anos, agora vai começar a cumprir uma pena de 24 anos de reclusão em regime fechado depois de ser condenado à revelia pela Justiça da Comarca de Canoas, no Rio Grande do Sul (RS).

“Matei. Eu ainda era uma criança. Fui levado pela droga e matei uma pessoa que eu nunca havia visto em minha vida. Fugiu, mas foi mesmo que estar preso. Nunca tive liberdade realmente. O remorso sempre me perseguiu por onde quer que eu fosse. Vivia assustado, parece que sempre alguém estava atrás de mim”, desabafou Bonini na manhã de hoje em entrevista à reportagem do Site 24 Horas News dentro da DHPP logo após a prisão dele.

O latrocida foi preso depois de alguns meses de investigações chefiadas pelo delegado Roberto Amorim da DHPP. Bonini chegou em Cuiabá no início de novembro de 1992, um mês após matar em outubro do mesmo ano um rapaz durante um assalto na cidade de Matias Velho, jurisdição da Comarca de Canoas.

Depois de viver nove anos com uma mulher, e ele se separou e estava construindo uma segunda família com uma mulher com quem teve um filho. Dois meses atrás ele se envolveu em uma briga com a atual esposa e foi parar na Central de Flagrantes da Delegacia Metropolitana. Lá ele foi liberado.

A Polícia não confirma, mas foi através dessa briga com a mulher que ele foi denunciado como fugitivo. A investigadora Aparecida Behmer, chefe de operações da DHPP conta que após localizá-lo, pediu informações e recebeu uma Carta Precatória da Comarca de Canoas. Junto veio um mandado de prisão preventiva decretada pelo juiz Paulo Augusto Oliveira Irion. Bonini era procurado com condenação transita e julgada.

Ontem os investigadores ligaram para Bonini como se estivessem interessados na construção de uma obra. Hoje pela manhã ele foi preso. O que mais chamou a atenção da Polícia, no entanto, foi o fato de Bonini nunca ter mudado de nome, mantendo, inclusive o apelido que ganhou ainda em família ainda criança: Chico.

A VIDA

Apesar de não esconder que se sentia um homem “livre-preso”, Bonini conta com naturalidade toda a trajetória de sua vida desde o dia do crime até os dias de hoje. O latrocínio aconteceu em outubro de 1992.

“Era para ser um assalto. Eu e mais três comparsas fomos assaltar um bar na cidade de Matias Velho. Lá uma das vítimas reagiu e me atingiu a cabeça com uma tacada de bilhar. Eu estava com um revólver calibre 38 com quatro munições e disparei as quatro contra o cara. Fugimos sem roubar nada porque matamos um homem”, conta com frieza.

Depois da morte, segundo Bonini, ele fugiu primeiro para Santo Ângelo, cidade natal dele no Rio Grande do Sul. De lá ele confirma que veio direto para Cuiabá. Aqui ele dormiu em construções, passou fome, mas conseguiu construir uma nova vida.

“Quando eu chegue aqui o primeiro local que dormi foi no prédio em construção do Jornal Folha do Estado, ao lado do Morro da Luz. Passei fome, até que eu arrumei um emprego e depois uma mulher que me ajudou muito. Antes eu passei até fome. Nunca mudei de nome, mas a morte do homem lá nunca me saiu da cabeça. É uma coisa terrível esse tal de remorso. A gente se sente livre, mas ao mesmo tempo preso”, concluiu.





Fonte: 24HorasNews

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/272661/visualizar/