Bush apela por trégua entre Karzai e Musharraf
Bush ofereceu um jantar em Washington para Musharraf e Karzai na quarta-feira, em uma tentativa de dissipar as tensões entre ambos.
Os dois países discordam da forma de combater o movimento Talebã na sua fronteira comum.
Musharraf rejeitou com veemência alegações de que o serviço secreto do Paquistão, o ISI, teria ajudado a Al-Qaeda e o Talebã.
Um documento preparado por uma consultoria ligada ao Ministério da Defesa britânico diz que o ISI teria, de forma indireta - ao apoiar grupos religiosos no Paquistão -, prestado apoio a grupos terroristas.
Mas em entrevista à BBC, Musharraff disse que seus serviços de inteligência teriam feito um "excelente trabalho" e que estes estariam perseguindo e prendendo militantes.
O ministério da Defesa britânico disse que as alegações do documento feito pela consultoria não representam a visão do governo.
Mas Musharraff disse que vai discutir o assunto com o primeiro-ministro Tony Blair na sua passagem por a Londres nesta quinta-feira.
Karzai x Musharraf
Karzai acusa o Paquistão de não fazer o suficiente para combater os militantes - crítica que Musharraf rejeita categoricamente.
Os três líderes se sentaram juntos para compartilhar um cardápio de sopa, peixe e salada, mas não há sinal público de que as divergências entre os representantes do Paquistão e do Afeganistão tenham sido superadas, disse o correspondente da BBC em Washington, Justin Webb.
Ambos apareceram ao lado do presidente Bush, mas não se falaram e não se cumprimentaram com aperto de mão.
"Nós temos vários desafios à frente (...) então o jantar de hoje é uma oportunidade para que discutamos estratégias juntos para conversar sobre a necessidade de cooperar, para garantir que as pessoas tenham uma esperança no futuro", disse Bush a repórteres antes da refeição.
Faz quase cinco anos que o Talebã foi removido à força do poder, mas milhares de tropas internacionais continuam no país à caça de partidários do Talebã, que se reorganizaram.
"Vista grossa"
A violência e os combates aumentam, especialmente no sul do país.
Na quarta-feira, forças de segurança disseram que mataram 25 insurgentes em choques na província de Helmand, no sul do país.
Os líderes afegão e paquistanês se distanciaram na questão de segurança nos últimos anos.
O presidente Karzai sugeriu que o Paquistão tenha feito vista grossa ao uso, por partidários do Talebã, de partes do país para treinar e lançar ataques no Afeganistão, e acusa o Paquistão de abrigar ex-líderes do Talebã.
Karzai também criticou um acordo de paz entre o Exército paquistanês e líderes tribais na região fronteiriça do Waziristão do Norte, dizendo que a violência no Afeganistão aumentou desde o acordo.
Musharraf disse que o acordo era necessário para combater o Talebã e rejeitou categoricamente as alegações de Karzai. Ele disse que o Paquistão está fazendo de tudo para combater o terrorismo e, em troca, acusa Karzai de falta de ação.
Na terça-feira, Bush e Karzai mantiveram conversações em Washington, e o presidente americano destacou o seu compromisso de apoiar a reconstrução e a segurança do Afeganistão.
Mas os Estados Unidos estão cada vez mais impacientes com a troca de farpas entre Karzai e Musharraf, de acordo com a correspondente da BBC na capital paquistanesa, Islamabad, Barbara Pleitt.
Segundo correspondentes, esta situação é frustrante e potencialmente prejudicial para a presidência de Bush.
Faltam poucas semanas para eleições para o Congresso americano e os republicanos estão tentando convencer os eleitores de que a estratégia antiterror da Casa Branca está gerando frutos.
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