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Educação/Vestibular
Quarta - 27 de Setembro de 2006 às 16:05
Por: Leonencio Nossa

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O presidente afirmou que o ensino superior no País não foi projetado para negros e pobres, mas para a elite.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que o preconceito de algumas pessoas impede a aprovação, no Congresso, do projeto que estabelece cotas para negros e índios nas universidades públicas. "A questão das cotas não é fácil, pois tem meia dúzia de pessoas que não concorda, e o debate se torna preconceituoso e predominantemente elitista", afirmou nesta quarta-feira o presidente, em discurso no Palácio do Planalto, na cerimônia de assinatura de um decreto que garante a descendentes de escravos a posse de uma área de Ubatuba, no litoral paulista.

"Mas valeu a pena enfrentar o debate, pois (o sistema de cotas) teve um resultado extraordinário onde foi implantado", disse Lula, que voltou a defender mudanças no acesso à universidade pública. "A verdade nua e crua é que o ensino superior no Brasil não foi feito para negros ou pobres. Foi feito para gente pertencente a uma parcela da elite brasileira."

Sem comentar a falta de empenho da base aliada na aprovação do projeto de cotas, Lula disse que os críticos da proposta têm mais espaço para falar do que outros setores da sociedade. "Muitas vezes, temos a impressão de que os adversários das causas nobres são maiores que os defensores", disse o presidente. "Eles não são maiores em quantidade, mas em espaço para falar contra."

No discurso, o presidente voltou a defender a política externa do governo, especialmente as relações com países africanos. Disse que é "impagável" a dívida do Brasil, país que recebeu milhares de escravos negros, com a África. "Têm coisas que a gente não paga com dinheiro, mas com solidariedade, companheirismo e sentimentos", afirmou.

A área remanescente de quilombo que passou a ter utilidade social com o decreto assinado pelo presidente fica bem próxima à faixa litorânea de Ubatuba. No antigo quilombo Caçandoca, vivem 53 famílias.

"Especuladores imobiliários ficavam como moscas de padaria tentando ficar ricos com a terra das pessoas que sempre moraram lá", disse Lula. "Nem todos vão compreender (a demarcação da área), nem todos vão gostar, mas faremos justiça àqueles que viveram séculos de injustiça."





Fonte: Agência Estado

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