Exorcista não aceita excomunhão ordenada pelo Papa
Em entrevista coletiva hoje no Templo Católico Imani, em Washington, o ex-arcebispo de Lusaca (Zâmbia) disse que a autoridade de um bispo provém de sua consagração.
"Fui consagrado bispo pelo Papa João Paulo II e consagrei como bispos quatro homens cuja consagração é válida e lícita", acrescentou.
Milingo e o fundador do templo, Robert Stallings, afirmaram que seu propósito é restaurar na Igreja Católica o sacerdócio com casamento, e afirmaram que o celibato causou grandes danos a essa instituição.
O polêmico arcebispo emérito fazia estas declarações em seu primeiro comparecimento público depois que o Vaticano anunciou, na terça-feira, sua excomunhão e a dos quatro sacerdotes casados que Milingo ordenou bispos no domingo passado.
Um deles, Peter Brennan, de Nova York, sustentou que há no mundo mais de 125 mil sacerdotes casados que a Igreja Católica rejeita, quando, ao mesmo tempo, enfrenta a falta de sacerdotes que poderia deixá-la sem pastores em 20 anos.
"O casamento é um sacramento e é uma vocação mais alta do que o celibato", acrescentou Brennan.
Este é lema defendido por Milingo, de 78 anos, e a organização que ele mesmo fundou em julho, sob o lema "Padres Casados Já!".
O caso de Milingo reacendeu o debate sobre o celibato na Igreja Católica e a situação dos cerca de 100 mil sacerdotes católicos que, segundo fontes religiosas, são casados.
Desse número, cerca de 20 mil vivem nos Estados Unidos, 10 mil na Itália e 6 mil na Espanha, segundo as associações de sacerdotes casados.
Há 400 mil sacerdotes católicos. Considerando isso, segundo os números dessas associações, 25% deles não respeitam a norma da Santa Sé.
Milingo ganhou fama pelos exorcismos, que atraíram vários fiéis a suas cerimônias. Também gravou discos e cantou em várias televisões de todo o mundo.
O nome do sacerdote voltou novamente às primeiras páginas dos jornais em maio de 2001, quando ele se casou em um hotel de Nova York com a médica coreana Maria Sung.
O casamento, celebrado pelo reverendo Moon, fundador da seita do mesmo nome, causou grande escândalo e colocou em apuros a Santa Sé, que ameaçou excomungar o sacerdote.
Vários meses depois, Milingo foi recebido por João Paulo II, o que permitiu o retorno do sacerdote ao quadro do Vaticano.
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