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Cidades/Geral
Quarta - 27 de Setembro de 2006 às 08:35

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Contato mais próximo com a natureza, liberdade para conhecer os lugares e recepção calorosa dos moradores. Essas são algumas das vantagens citadas por quem opta pelo cicloturismo. De bicicleta e capacete, o viajante cai na estrada com a certeza de que esse é um excelente jeito de viajar. O cicloturismo tem raízes na Europa, onde é uma tradição. "A estrutura é ótima para esse tipo de viagem", diz Paulo de Tarso, presidente do Sampa Bikers. Ele destaca países como Holanda, França, Itália, Alemanha e Suíça, nos quais existem extensas ciclovias e acomodações específicas para ciclistas.

No Brasil, a história é outra. "Os hotéis não têm locais para guardar as bicicletas e não deixam levá-las para o quarto", diz Tarso. "Algumas custam caro e não dá para largá-las num canto." Outros problemas são a falta de acostamento nas rodovias e o desrespeito dos motoristas.

A razão disso está na cultura do turismo em bicicletas no País, ainda recente e pouco divulgada. Porém, há mais adeptos do que se imagina. Pioneiro, o Sampa Biker surgiu há 13 anos e já tem 13 mil sócios. Criado em 2001, o Clube de Cicloturismo (www.clubedecicloturismo.com.br) tem seis mil integrantes, entre 13 e 67 anos. "A maioria já está iniciada no ciclismo", diz Eliana Garcia, fundadora do clube. Eliana viaja de bicicleta desde 1988. Já foi para as chapadas dos Veadeiros (GO), Diamantina (BA) e Guimarães (MT), para o Pantanal, Sul do Brasil, serra da Canastra (MG) e América do Sul. "Você é melhor recebido pelas pessoas, pois elas vêem que foi um esforço chegar ali."

Eliana viu de perto a tímida popularização do cicloturismo no Brasil. Atualmente, as rotas mais procuradas são o Caminho da Fé, de Tambaú a Aparecida, em São Paulo, e a Estrada Real, em Minas Gerais. "Mas muita gente ainda não sabe como é acessível", diz.

A dona de casa Eliana Nunes, de 57 anos, descobriu isso no feriado de Corpus Christi, quando estreou como cicloturista. no litoral do Paraná. Ela já pedalava nos fins de semana e quis viajar depois de ler sobre cicloturismo. "O melhor foi a sensação de liberdade, o contato com a natureza e a solidariedade do grupo." A viagem fez parte de uma autodescoberta que dura oito anos. Eliana já fez trilhas no Brasil, trekking na Patagônia e escalada na Bolívia. "Estou quite com a vida."

Para fazer uma viagem de bicicleta tranqüila, os cuidados vão além dos equipamentos de segurança. Preparo físico, planejamento do roteiro, respeito às leis de trânsito e atenção ao corpo também devem estar entre as preocupações do viajante.

Comece a se planejar alguns meses antes. Busque informações sobre o percurso, como os tipos de terreno e locais para dormir, e pegue dicas com quem já fez a viagem. "O principal é não exceder na quilometragem", diz Eliana Garcia, fundadora do Clube de Cicloturismo. "O trajeto diário deve ser a metade do que a pessoa está acostumada." Ao longo da viagem, o corpo se habitua com o esforço, e as distâncias podem aumentar gradativamente.

Cicloturista não precisa ser atleta, mas é importante ter preparo físico. Os sedentários devem passar a ter o costume de pedalar. "Nesses casos, comece um ano antes", diz Paulo de Tarso, presidente do Sampa Bikers.

Uma bicicleta adequada é essencial. "Cada pessoa tem necessidades específicas", diz Tarso. Para ele, o ideal é ter a sua própria, para evitar dores e lesões. "Não precisa ser uma topo de linha", diz Eliana.

O Código de Trânsito Brasileiro lista os equipamentos obrigatórios: campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo. Capacete e kits básicos de ferramentas e de primeiros socorros também são fundamentais. Um hodômetro, luvas e bermuda própria para ciclismo devem ser incluídos na lista. Escolha as roupas de acordo com o clima da região (não pode faltar capa de chuva) e a duração da viagem. Podem ser levadas em uma mochila presa ao bagageiro. "Mas um alforje, tipo de bolsa para bicicleta, ajuda a equilibrar o peso", aconselha Eliana.

A lei também estabelece que, em vias urbanas ou rurais de mão dupla, os ciclistas devem circular em ciclovias, faixas específicas ou acostamento. Quando não for possível, devem seguir pela borda da pista, no mesmo sentido dos carros. Desrespeitar essas normas constitui infração média, sujeita a multa e a apreensão da bicicleta.

Na viagem, alimente-se a cada hora (frutas secas, barras de cereais, pães e queijo magro) e beba antes de sentir sede, um sinal de desidratação. Alguns almoçam, outros preferem um lanche e deixam a refeição para depois. Seja qual for o critério, não saia sem o café da manhã.

Por fim, tenha paciência com imprevistos e aproveite o percurso. "Não se é obrigado a cumprir o cronograma à risca", diz Eliana. Lembre-se: é turismo, e não competição.

A quinta edição do Encontro Nacional de Cicloturismo e Aventura, maior evento do gênero no País, acontece de 2 a 5 de novembro em Timbó, cuja Prefeitura também lançará o primeiro roteiro cicloturístico oficial do Brasil. São esperados mais de cem adeptos e simpatizantes da bicicleta, que terão quatro dias de intensa programação - passeios, exposições fotográficas e palestras relacionadas a ciclismo, saúde, mecânica e viagens.

Estão previstos passeios diários, de 15 a 30 km, em ritmo leve, pelas estradinhas de terra da região, encravada no chamado Vale Europeu. Além disso, haverá palestras técnicas sobre como preparar a bicicleta e o corpo para uma viagem, e conversas com cicloturistas experientes, que contarão suas viagens por países da Ásia e Europa.

O evento também servirá para o lançamento oficial do Circuito Vale Europeu, o primeiro roteiro do Brasil a ser totalmente planejado para o cicloturismo, cujo trajeto foi traçado do ponto de vista de quem pedala. Assim como acontece em circuitos internacionais, a idéia é que, antes de iniciar o percurso, o cicloturista receba um livreto-guia e uma credencial, a qual ele carimba conforme vai cumprindo o trajeto do Circuito do Vale Europeu.

O circuito tem um total de 300 km, com início e término em Timbó. As distâncias diárias ficam em média em 50 km, o que favorece bastante o deslocamento de bicicleta. É possível pedalar todo o percurso e ainda fazer paradas para descansar, apreciar o visual, conversar com pessoas e fotografar. Ao final de cada dia, chega-se sempre a um ponto de apoio, isto é, um local para comer e dormir, que pode ser numa cidade ou numa pousada.

As vagas do encontro são limitadas. A inscrição é feita por e-mail (info@clubedecicloturismo.com.br), custa R$ 45,00 e dá direto a todas as palestras e passeios, além de seguro e uma camiseta do evento. Não é necessário ser atleta para participar. As pedaladas serão em ritmo de passeio e com carro de apoio. Mas é preciso levar a bicicleta e capacete de ciclismo.





Fonte: 24HorasNews

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