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Polícia Brasil
Quarta - 27 de Setembro de 2006 às 06:05

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O festival de irregularidades dos carros da lista apreendida pela Polícia Federal, semana passada, com o contador de Rogério Andrade, Roland Hollanda Cavalcanti, não se limita à clonagem de placas e veículos.

Dos 19 automóveis citados no documento de Andrade, acusado de ser chefão da máfia dos caça-níqueis, pelo menos 17 estão irregulares. E um caso chama atenção: o do Palio Weekend branco, ano 2001, comprado em 26 de janeiro deste ano numa concessionária de Jacarepaguá. Até hoje nenhuma parcela foi paga. Pudera: o "comprador" do carro - que seria utilizado pela máfia - já estava morto desde 2004.

A documentação de Luiz Carlos Ramos Alves foi utilizada para adquirir o automóvel na EuroBarra-Squadra, na capital fluminense. Lá, um homem que se passou por Luiz apresentou carteiras de identidade e de motorista falsificadas. Segundo o Detran-RJ, Luiz Carlos nunca possuiu documento de habilitação.

Pelo registro 1.737/04, da 4ª DP (Central), às 20h40 de 12 de maio de 2004, Luiz Carlos, 41 anos, morreu atropelado por ônibus da empresa Amigos Unidos, ao lado da estação Central do Brasil.

O nome da vítima passou, então, a ser utilizado para aplicar golpes. Este ano, a primeira dívida adquirida pelo falso Luiz Carlos foi com a EuroBarra, onde ele parcelou a compra da Palio Weekend, avaliada em R$ 24.900. Com toda a documentação do morto, o homem conseguiu financiamento junto ao banco HSBC e fechou o negócio.

Telegramas para "dono" de veículo As prestações do Palio foram cotadas em R$ 335,42, mas nenhuma das nove já vencidas nem o IPVA foram pagos até hoje. A concessionária chegou a enviar telegramas ao endereço fornecido pelo homem, na Rua da Cascata, Tijuca, para que fosse feita a transferência de propriedade do veículo.

Na carteira de motorista falsificada utilizada pelo comprador, quase todos os dados são de Luiz Carlos. Apenas dois eram diferentes. Primeiro, a data de emissão é de 27 de outubro de 2005, quando Luiz já estava morto. A outra é a série numérica do cadastro no Detran, 00579496013, que, na verdade, consta como pertence a outro motorista.

Mas o nome de Luiz Carlos não foi usado só para comprar o veículo. Uma consulta ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) revela que ele foi denunciado por dívidas pelo menos outras seis vezes este ano por compras não apenas no Rio, mas também em Curitiba e em São Paulo. Somados, os débitos chegam a R$ 37.732,41.

Há dívidas com bancos, empresas de crédito e lojas. Só este ano foram passados 30 cheques sem fundos em nome de Luiz Carlos.

Irregular, carro passou em vistoria O Detran e a Delegacia de Roubos de Automóveis apuram como o Gol 82, LJP 8829, clonado com a placa LGA 7626, passou na vistoria em Rio das Ostras (RJ), em janeiro. Além de clonado, o veículo foi roubado em 2005, em Nova Iguaçu. O verdadeiro Gol, ano 82, com a mesma placa LGA 7626, mas de Nova Iguaçu, pertence ao motorista Edson da Silva Oliveira. Ele desconfiou de multas irregulares e denunciou.

Matilde de Sá Condeso, que diz ter comprado sem saber o Gol já clonado na Feira de Acari, no início de 2005, por R$ 1,5 mil, foi fazer a vistoria. Ontem, o Gol clonado foi encontrado com o soldado da Aeronáutica Leonardo Labre. "Comprei de revendedora autorizada, em Bento Ribeiro, por R$ 3,2 mil. Não imaginava", afirmou.




Fonte: O Dia

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