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Nacional
Terça - 26 de Setembro de 2006 às 18:34

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Duas espécies de coral-cérebro se reproduzem apenas no litoral brasileiro, a Mussismilia harttii e a Mussismilia hispida. Isso ocorre todos os anos, mas apenas na semana passada pesquisadores conseguiram observar ao mesmo tempo os processos de reprodução.

Em 2005, os pesquisadores do Projeto Coral Vivo haviam documentado a reprodução das duas espécies, mas isoladamente. “No ano passado, nos concentramos na observação da desova da espécie M. harttii. Desde então, começamos a ter algumas evidências de que outra espécie do mesmo gênero, a M. hispida, poderia ter seu período de reprodução próximo”, explica Débora Pires, coordenadora do projeto e pesquisadora do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Segundo a pesquisadora, o monitoramento feito neste mês revelou que o grupo estava no caminho certo. “Era o que estávamos esperando. Ambas desovaram juntas, na mesma hora. A observação por si só é muito relevante, pois as duas espécies são de enorme importância como construtoras dos recifes brasileiros, além de serem endêmicas do Brasil”, explicou Débora.

Os cientistas agora trabalham com a hipótese de que possa haver algum tipo de hibridização entre as espécies. Os resultados preliminares, de experimentos realizados há poucos dias, demonstram que os ovócitos de M. hispida podem ser fecundados por espermatozóides de M. harttii, mas que o inverso não ocorre.

Em outubro, quando o processo de desova no mar voltará a ocorrer, os testes para a verificação da eventual hibridização, que são feitos em laboratório, também serão refeitos. “Vamos tentar confirmar novamente esse fenômeno de uma espécie ser fecundada pela outra”, explica Débora. Depois das observações, um artigo científico será escrito para posterior publicação.

Todo o trabalho de campo do Projeto Coral Vivo é feito na base de pesquisa localizada no Arraial d’Ajuda Ecoparque, no litoral sul da Bahia. O evento reprodutivo da espécie M. hispida, em agosto, durou cinco dias, sempre no fim de tarde. Com base nessas primeiras observações, foi possível prever que as fecundações ocorreriam de forma simultânea.





Fonte: Agência Fapesp

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