Brasil cai pela 6ª vez em ranking de competitividade
O país caiu do 66º para o 73º lugar entre os 125 países pesquisados, 29 posições abaixo de 2001.
As altas taxas de juros, o endividamento do governo e a "predominância da corrupção" deterioraram o ambiente macroeconômico brasileiro, segundo os autores do relatório.
"É preciso creditar que os brasileiros fizeram muito para melhorar o gerenciamento das finanças públicas em relação a dois ou três anos atrás, mas isto não é suficiente, porque todo mundo está fazendo a mesma coisa", disse o economista-chefe do Fórum, Augusto López-Claros.
"É o típico caso em que você melhora em relação ao seu passado, mas uma vez que outros estão melhorando ainda mais rápido, ainda fica para trás", declarou o economista.
Indicadores
Este ano, o Fórum Econômico modificou a metodologia do seu indicador de competitividade, aumentando de três para nove os critérios levados em conta.
Os economistas analisam os países pelas lentes das instituições, infra-estrutura, macroeconomia, educação primária e saúde, educação superior e treinamento, eficiência de mercado, tecnologia, sofisticação empresarial e inovação.
No ranking novo, que começou a ser divulgado no ano passado, o Brasil caiu nove posições, passando da 57ª para a 66ª.
"Apresentamos níveis adequados de competitividade em fatores considerados avançados, como qualidade do ambiente empresarial, inovação e eficiência do mercado", disse o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral e responsável pelos dados do Brasil no relatório.
POSIÇÕES DO BRASIL (RANKING ANTIGO) 2001 – 44º 2002 – 45º 2003 – 54º 2004 – 57º 2005 – 65º 2006 – 73º Fórum Econômico Mundial
"Por outro lado, apresentamos níveis consideravelmente baixos em fatores básicos como ambiente macroeconômico e qualidade das instituições públicas."
O economista do Fórum, López-Claros, destacou que a corrupção ainda mina a competitividade do país.
"No último ano, houve episódios em que se poderia esperar um grau maior de transparência e honestidade", declarou.
Requisitos básicos
O relatório de competitividade do Fórum é feito com base em estatísticas dos países e uma pesquisa de opinião feita com executivos de empresas entre março e maio de 2006.
Esse ano, segundo os autores, mais de 11 mil líderes corporativos participaram da pesquisa, aproximadamente 200 deles no Brasil.
O melhor desempenho do país foi entre os chamados "fatores de inovação", que incluem a sofisticação do ambiente de negócios. Neste critério, o país se classifica em 38º.
Mas no diagnóstico dos chamados "requisitos básicos", o Brasil aparece na 87ª posição.
No critério macroeconômico, a economia brasileira não mereceu mais que o 114º lugar, ficando entre o Mali e Madagascar.
O alto volume de dívida do governo e um spread grande na taxa de juros (do Brasil) indicam um alto custo de intermediação no setor bancário brasileiro, que gera efeitos negativos sobre investimentos no setor privado e contribui para menor crescimento econômico.
Relatório do Fórum Econômico Mundial
"A competitividade brasileira ainda é minada pelos altos níveis de endividamento público e altas taxas de juros, somadas a um ambiente institucional ineficiente, uma cultura de burocracia e uma economia baseada na informalidade", diz o relatório.
"A distribuição desigual de renda e a predominância da corrupção são desafios que ainda carecem de soluções."
No quesito instituições, o Brasil aparece como 91º, logo depois do Benin. A Venezuela é o último da lista.
Destaques
O país latino-americano a ter melhor desempenho no ranking foi o Chile, que ficou em 27º lugar. A Argentina, ainda em questão desde sua crise da dívida, está na 69ª posição.
O primeiro lugar no ranking coube à Suíça. Os autores do relatório destacaram o "sólido ambiente institucional, excelente infra-estrutura, mercados eficientes e altos níveis de inovação tecnológica do país".
"(A Suíça) oferece uma infra-estrutura desenvolvida para a pesquisa científica, as empresas não poupam investimentos em pesquisa e desenvolvimento, a propriedade intelectual é fortemente protegida e as instituições públicas são transparentes e estáveis."
Os países nórdicos tiraram a posição dos Estados Unidos, que deixaram a liderança do ano passado e caíram para o sexto lugar, por conta da deterioração das suas contas públicas.
O estudo destacou ainda que "os mercados financeiros mais sofisticados do mundo" estão no Reino Unido, e que o sistema judicial na Alemanha "não fica atrás de nenhum outro".
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