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Após sofrer com real, agricultor teme 2o mandato de Lula
Quatro anos atrás, exportadores brasileiros de soja registraram lucros fabulosos devido à desvalorização do real em relação ao dólar, provocada pelo nervosismo no mercado diante da expectativa da eleição de um presidente esquerdista.
Mas desde que assumiu em janeiro de 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou políticas econômicas ortodoxas. O real se fortaleceu de forma acentuada e o lucro de produtores de soja, entre outros exportadores, despencou.
Agora Lula está perto de conquistar o segundo mandato, nas eleições do próximo domingo, para a decepção dos produtores de soja, principal produto agrícola de exportação em termos de receita e uma força propulsora de superávits comerciais recordes e de crescimento econômico nos últimos anos.
"O governo optou pelo real forte e preços baixos de alimentos para controlar a inflação, mas isso causou uma crise na agricultura", afirmou José Carlos Hausknecht, analista da consultoria MB Associados.
Altas taxas de juros sufocaram o crescimento, disse ele. Um real fraco permitiria que exportadores locais de produtos agrícolas tivessem melhores condições de competir no exterior, além de elevar os ganhos em reais.
O PIB agrícola caiu 1,5 por cento na primeira metade de 2006, em comparação a um crescimento de mais de 8 por cento em 2002, de acordo com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Mais de um em cada três trabalhadores brasileiros são empregados na área agrícola e a queda na produção lança uma sombra sobre o setor rural.
O setor de agronegócios é o que mais gera receitas de exportação ao Brasil. Mas sua participação no total das receitas deve cair para 36 por cento este ano, de 40 por cento há quatro anos, já que outros setores da economia estão crescendo mais rapidamente.
Produtores do Mato Grosso estão perdendo dinheiro e contraindo dívidas enquanto os custos de produção e transporte aumentam e a receita em reais diminui devido ao câmbio desfavorável.
PRODUTORES INDIGNADOS
Produtores de soja frustados expressaram sua raiva alguns meses atrás, bloqueando estradas, queimando pneus e realizando protestos em Brasília.
Na semana passada, Lula afirmou, em um discurso de campanha, que a crise agrícola não é culpa do governo, destacando que o setor é vulnerável a variações cíclicas.
Seu governo concedeu uma ajuda recorde de 60 bilhões de reais para produtores este ano e ofereceu um seguro agrícola para protegê-los contra a seca e desastres climáticos, disse ele.
Mas analistas criticaram a política do governo.
"O governo deu um tiro no pé", afirmou Marcos Jank, presidente do organismo de pesquisa sobre comércio Icone.
Permitindo a valorização do real, Lula tem governado em meio à queda na receita de produtores e redução nos custos com sementes e fertilizantes. O plantio de soja irá cair pelo segundo ano seguido em 2006.
O governo também foi negligente com estradas, ferrovias, portos e hidrovias, aumentando os custos de transporte para níveis proibitivos para produtores nas novas áreas agrícolas do Centro-Oeste, afirmou Jank.
Segundo ele, as despesas totais do governo na agricultura caíram para cerca de 2 por cento, de 6 por cento em 1994, e se tornaram cada vez mais fragmentadas, com o governo Lula concentrando recursos em agricultura familiar e em projetos de reforma agrária.
Mas alguns setores se salvaram, como o de açúcar e álcool, impulsionado este ano pelos preços recordes do petróleo, enquanto os preços mundiais de suco de laranja e de café também estão firmes.
"É um cenário misto", afirmou Ignez Vidigal Lopes, economista da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.
Alguns Estados, notadamente São Paulo e Minas Gerais, estão indo bem. Outros no Centro-Oeste, Sul e Nordeste estão sofrendo.
"A primeira metade de 2006 foi a pior em 20 anos", acrescentou Lopes, notando problemas também nos setores de milho, algodão, arroz e carnes.
Márcio Kawassaki, do Banco Fator, afirmou que outra safra recorde nos EUA manteria os preços da soja pressionados, mas que os preços do petróleo devem ficar mais baixos e a relação entre real e dólar mais estável no ano que vem.
"Algumas pequenas melhoras são possíveis", disse ele.
Outros analistas concordaram, citando tendências cíclicas.
"O açúcar e o álcool provavelmente atingiram o pico este ano, assim como a crise da soja", declarou Luiz Antonio Pinazza, diretor de pesquisas da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag).
"As exportações brasileiras ainda crescerão, mas em ritmo mais lento, e o setor de carnes pode ser o que mais arrecadará receita em três anos", afirmou.
Mas desde que assumiu em janeiro de 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou políticas econômicas ortodoxas. O real se fortaleceu de forma acentuada e o lucro de produtores de soja, entre outros exportadores, despencou.
Agora Lula está perto de conquistar o segundo mandato, nas eleições do próximo domingo, para a decepção dos produtores de soja, principal produto agrícola de exportação em termos de receita e uma força propulsora de superávits comerciais recordes e de crescimento econômico nos últimos anos.
"O governo optou pelo real forte e preços baixos de alimentos para controlar a inflação, mas isso causou uma crise na agricultura", afirmou José Carlos Hausknecht, analista da consultoria MB Associados.
Altas taxas de juros sufocaram o crescimento, disse ele. Um real fraco permitiria que exportadores locais de produtos agrícolas tivessem melhores condições de competir no exterior, além de elevar os ganhos em reais.
O PIB agrícola caiu 1,5 por cento na primeira metade de 2006, em comparação a um crescimento de mais de 8 por cento em 2002, de acordo com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Mais de um em cada três trabalhadores brasileiros são empregados na área agrícola e a queda na produção lança uma sombra sobre o setor rural.
O setor de agronegócios é o que mais gera receitas de exportação ao Brasil. Mas sua participação no total das receitas deve cair para 36 por cento este ano, de 40 por cento há quatro anos, já que outros setores da economia estão crescendo mais rapidamente.
Produtores do Mato Grosso estão perdendo dinheiro e contraindo dívidas enquanto os custos de produção e transporte aumentam e a receita em reais diminui devido ao câmbio desfavorável.
PRODUTORES INDIGNADOS
Produtores de soja frustados expressaram sua raiva alguns meses atrás, bloqueando estradas, queimando pneus e realizando protestos em Brasília.
Na semana passada, Lula afirmou, em um discurso de campanha, que a crise agrícola não é culpa do governo, destacando que o setor é vulnerável a variações cíclicas.
Seu governo concedeu uma ajuda recorde de 60 bilhões de reais para produtores este ano e ofereceu um seguro agrícola para protegê-los contra a seca e desastres climáticos, disse ele.
Mas analistas criticaram a política do governo.
"O governo deu um tiro no pé", afirmou Marcos Jank, presidente do organismo de pesquisa sobre comércio Icone.
Permitindo a valorização do real, Lula tem governado em meio à queda na receita de produtores e redução nos custos com sementes e fertilizantes. O plantio de soja irá cair pelo segundo ano seguido em 2006.
O governo também foi negligente com estradas, ferrovias, portos e hidrovias, aumentando os custos de transporte para níveis proibitivos para produtores nas novas áreas agrícolas do Centro-Oeste, afirmou Jank.
Segundo ele, as despesas totais do governo na agricultura caíram para cerca de 2 por cento, de 6 por cento em 1994, e se tornaram cada vez mais fragmentadas, com o governo Lula concentrando recursos em agricultura familiar e em projetos de reforma agrária.
Mas alguns setores se salvaram, como o de açúcar e álcool, impulsionado este ano pelos preços recordes do petróleo, enquanto os preços mundiais de suco de laranja e de café também estão firmes.
"É um cenário misto", afirmou Ignez Vidigal Lopes, economista da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.
Alguns Estados, notadamente São Paulo e Minas Gerais, estão indo bem. Outros no Centro-Oeste, Sul e Nordeste estão sofrendo.
"A primeira metade de 2006 foi a pior em 20 anos", acrescentou Lopes, notando problemas também nos setores de milho, algodão, arroz e carnes.
Márcio Kawassaki, do Banco Fator, afirmou que outra safra recorde nos EUA manteria os preços da soja pressionados, mas que os preços do petróleo devem ficar mais baixos e a relação entre real e dólar mais estável no ano que vem.
"Algumas pequenas melhoras são possíveis", disse ele.
Outros analistas concordaram, citando tendências cíclicas.
"O açúcar e o álcool provavelmente atingiram o pico este ano, assim como a crise da soja", declarou Luiz Antonio Pinazza, diretor de pesquisas da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag).
"As exportações brasileiras ainda crescerão, mas em ritmo mais lento, e o setor de carnes pode ser o que mais arrecadará receita em três anos", afirmou.
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/273509/visualizar/
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