Para criminalistas, Carla merece ser absolvida
“Aquele homem era uma fera”, diz um dos profissionais ouvidos, “resolvia seus problemas à bala”. Outro criminalista completa: “Ele estava se levantando do sofá para, no mínimo, dar-lhe umas bolachas. Ela pegou a arma que era dele e estava à mão e fez o que pôde, atirou na barriga, que não é área letal, porque não quis matar, quis apenas detê-lo”. Para outro, Carla só queria se livrar da agressão do coronel e “não teve tempo de pensar se queria matar ou não”.
O advogado Luiz Flávio Gomes não concorda com a tese de legítima defesa. “A posição do tiro não demonstra a hipótese de legítima defesa. O tiro foi de cima para baixo, além do que, não há indícios que revelem briga entre o casal.”
A defesa Os criminalistas também questionam o fato de Carla Cepollina ser defendida pela sua própria mãe, Liliana Prinzivalli. Segundo alguns deles, um advogado criminalista nunca pode defender, num caso grave, pessoas próximas, muito menos a filha, isso porque o envolvimento emocional pode atrapalhar a defesa.
Segundo Mário de Oliveira Filho, esse tipo de relação não dá certo, porque “a mãe não tem isenção nenhuma para se envolver com o crime. Num caso de o réu ir a júri, é preciso equilibrar emoção e razão.” Outro profissional ouvido pela Conjur alfineta: “Qualquer júri compreenderá que o amor materno é tão grande que leva a burrices. Todas as bobagens que Carla fez depois do tiro foi por orientação de sua mãe desesperada”.
Outro fator desfavorável à acusada é a coleção de inimizades que Liliana acumulou em sua carreira na polícia, Ministério Público, magistratura e advocacia.
Histórico O coronel da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, que comandou o massacre do Carandiru e era deputado estadual pelo PTB, foi encontrado morto com um tiro no abdômen em seu apartamento, no bairro dos Jardins, em São Paulo. O crime aconteceu no domingo, 11 de setembro.
Em 2001, Ubiratan foi levado a júri popular pelo massacre e condenado a 632 anos de prisão pela morte de 102 dos 111 presos. Em fevereiro de 2006, a sentença foi revertida. O Tribunal de Justiça de São Paulo o absolveu, por 20 votos a 2.
A maioria dos desembargadores acatou os argumentos apresentados pela Defensoria e inocentou o coronel. A absolvição causou reações de indignação de entidades de direitos humanos no Brasil e no exterior, como a Anistia Internacional.
Comentários