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Nacional
Segunda - 25 de Setembro de 2006 às 09:43

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Carla Cepollina foi quem apertou o gatilho contra o coronel Ubiratan Guimarães, mas merece ser absolvida porque agiu em legítima defesa. A opinião é unânime entre os importantes criminalistas que foram ouvidos pela revista Consultor Jurídico, mas que só assumem essa posição em off (pediram para que seus nomes não fossem revelados).

“Aquele homem era uma fera”, diz um dos profissionais ouvidos, “resolvia seus problemas à bala”. Outro criminalista completa: “Ele estava se levantando do sofá para, no mínimo, dar-lhe umas bolachas. Ela pegou a arma que era dele e estava à mão e fez o que pôde, atirou na barriga, que não é área letal, porque não quis matar, quis apenas detê-lo”. Para outro, Carla só queria se livrar da agressão do coronel e “não teve tempo de pensar se queria matar ou não”.

O advogado Luiz Flávio Gomes não concorda com a tese de legítima defesa. “A posição do tiro não demonstra a hipótese de legítima defesa. O tiro foi de cima para baixo, além do que, não há indícios que revelem briga entre o casal.”

A defesa Os criminalistas também questionam o fato de Carla Cepollina ser defendida pela sua própria mãe, Liliana Prinzivalli. Segundo alguns deles, um advogado criminalista nunca pode defender, num caso grave, pessoas próximas, muito menos a filha, isso porque o envolvimento emocional pode atrapalhar a defesa.

Segundo Mário de Oliveira Filho, esse tipo de relação não dá certo, porque “a mãe não tem isenção nenhuma para se envolver com o crime. Num caso de o réu ir a júri, é preciso equilibrar emoção e razão.” Outro profissional ouvido pela Conjur alfineta: “Qualquer júri compreenderá que o amor materno é tão grande que leva a burrices. Todas as bobagens que Carla fez depois do tiro foi por orientação de sua mãe desesperada”.

Outro fator desfavorável à acusada é a coleção de inimizades que Liliana acumulou em sua carreira na polícia, Ministério Público, magistratura e advocacia.

Histórico O coronel da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, que comandou o massacre do Carandiru e era deputado estadual pelo PTB, foi encontrado morto com um tiro no abdômen em seu apartamento, no bairro dos Jardins, em São Paulo. O crime aconteceu no domingo, 11 de setembro.

Em 2001, Ubiratan foi levado a júri popular pelo massacre e condenado a 632 anos de prisão pela morte de 102 dos 111 presos. Em fevereiro de 2006, a sentença foi revertida. O Tribunal de Justiça de São Paulo o absolveu, por 20 votos a 2.

A maioria dos desembargadores acatou os argumentos apresentados pela Defensoria e inocentou o coronel. A absolvição causou reações de indignação de entidades de direitos humanos no Brasil e no exterior, como a Anistia Internacional.





Fonte: Agência Estado

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