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Internacional
Segunda - 25 de Setembro de 2006 às 09:20

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O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, do Fatah, e o primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, retomarão as negociações para formar um Governo de união nacional, em meio às sérias divergências em torno do reconhecimento do Estado de Israel.

Abbas acusou Haniyeh de frustrar a criação do Governo de unidade, cuja formação tinha sido acordada pelos dois há quase duas semanas dentro de um prazo de "48 horas".

O presidente da ANP, que está no Egito, deve voltar ainda hoje à Cidade de Gaza, mas a reunião com Haniyeh acontecerá somente na terça-feira, segundo o deputado Saeb Erekat.

Era esperada para hoje a libertação de 22 dirigentes do Hamas, presos há mais de dois meses pelo Exército de Israel na Cisjordânia, após o seqüestro de um soldado israelense no sul de Gaza.

No entanto, a rádio pública israelense anunciou hoje a decisão do tribunal militar israelense na base de Ofer de prorrogar a detenção dos integrantes do Hamas.

A libertação dos detidos havia sido ordenada na semana passada por um juiz, mas o procurador-geral das Forças Armadas, de acordo com a legislação vigente, solicitou ao tribunal que os membros do Hamas permanecessem detidos até o fim das investigações.

As conversas em torno da formação de um Governo de unidade nacional foram suspensas por Abbas antes de sua viagem aos Estados Unidos para participar da Assembléia Geral da ONU devido a divergências e devem ser retomadas em meio a uma grave crise.

O Governo, liderado pelo Hamas desde março após sua vitória nas urnas em janeiro, se encontra sob um boicote político e financeiro da comunidade internacional, motivo pelo qual não pode pagar os salários de 165 mil funcionários públicos.

No centro das divergências entre Abbas e Haniyeh e seus respectivos movimentos está o reconhecimento do Estado de Israel, o que o Fatah fez em 1988, mas que o Hamas se negou a fazer até agora com o argumento de que o Estado judeu foi fundado em 1948 "sobre terras sagradas do Islã", o que para os judeus é a "terra prometida", segundo o relato do Antigo Testamento.

O deputado e porta-voz do Hamas, Mushier Al-Masri, condicionou hoje a formação de um Governo palestino de unidade com o Fatah à adoção do chamado "Documento dos prisioneiros".

"Todas as facções palestinas chegaram a um acordo sobre esse documento, pois não inclui o reconhecimento da ocupação e mantém os princípios nacionais", afirmou Masri.

O reconhecimento de Israel é vital na retomada das negociações de paz entre palestinos e israelenses segundo o plano do Quarteto de Madri - formado por Estados Unidos, União Européia (UE), ONU e Rússia -, que tenta consegui-lo através do Mapa de Caminho, lançado em 2003.

O ministro de Relações Exteriores da ANP, Mahmoud Zahar, do Hamas, declarou hoje à emissora de TV "Al Arabiya" que o "Hamas não está disposto a agradar o Ocidente" reconhecendo o estado de Israel, membro da ONU.

Um assessor do presidente Abbas, Abdel Abed Rahman, manifestou aos jornalistas palestinos que, se o Hamas continuar sustentando estes princípios, "não poderá liderar nenhum Governo palestino".

As outras duas exigências são o desarmamento da milícia do Hamas, que opera paralelamente os organismos de segurança da ANP, e o respeito de todos os acordos assinados com Israel desde 1993 pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e a ANP.

O Hamas não faz parte da OLP e, por enquanto, tem se negado a se desarmar, mas, segundo seus porta-vozes, está disposto a uma trégua de dez anos com "o inimigo sionista" em troca de sua retirada dos territórios palestinos que ainda estão ocupados por Israel, entre outras exigências.

Quanto aos acordos assinados, os fundamentalistas palestinos se reservam o direito de respeitar aqueles que, na sua opinião, convêm aos interesses do seu povo.





Fonte: EFE

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